ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 13 DE MAIO DE 2012
Leitor amigo, já reparou que os
livros didáticos de História, apesar das mudanças graduais, não apresentam
reflexões a respeito da história local e regional? Certamente, os motivos que
sondam esta questão são muitos e, dentre eles, está o fato da disciplina de
História ser por demais pesada em conteúdo e apresentar pouca carga horária na
escola. Apesar disso, a história local e regional, mesmo que sintetizada, pode
sim ser trabalhada em sala de aula pelo professor. Para entender melhor sobre
sua aplicação escolar, vamos entender um pouco sobre como ela é composta.
A história local e regional é
conhecida também como “história dos lugares” por se relacionar, sobretudo, com
o “espaço”. Um espaço pormenorizado, diga-se de passagem. Nesse sentido, o
espaço nela tratado não se refere somente ao meio físico ou a divisões
administrativas (municípios, distritos, etc), mas a um espaço de pessoas com experiências
múltiplas, de memórias coletivas e de resistências. O “lugar” então pode ser
uma cidade, um bairro, uma instituição ou uma região com determinadas práticas
em comum. Desta maneira, este espaço é estudado pelo historiador como um meio
onde são analisadas vivências comuns que, compartilhadas pelas pessoas, podem
ser comparadas ao contexto da história nacional e até mundial.
Mas, como a história não se
relaciona só com o espaço, falemos então agora do “tempo”. Este, para a
história local e regional, é o fator determinante do estudo histórico, uma vez
que o tempo do local não é particular, ou seja, não segue o mesmo ritmo que os
outros lugares. Assim, por exemplo, o historiador pode analisar como uma
comunidade possuía uma prática econômica que não era a predominante no país
(ex: “trabalho industrial” nas metrópoles do sudeste e “artesanal” no interior
do Brasil). Desta feita, a história local e regional evita as generalizações,
demonstrando os vários ângulos de uma mesma época.
Paralelo a isso, professor de História
pode utilizar destas pesquisas dentro do conteúdo histórico do Brasil,
principalmente aquele referente ao século XX. Ao analisar contextos sobre a
economia brasileira, por exemplo, os professores podem demonstrar documentos de
indústrias na cidade em determinadas épocas ou propagandas de casas comerciais.
Na questão dos conflitos armados, podem ser utilizados depoimentos orais de
ex-combatentes da Revolução de 1932 ou da Segunda Guerra.
A história local e regional, certamente,
desperta nos alunos uma “identidade coletiva”, uma memória em comum. Ao
contextualizar monumentos, praças públicas ou instituições da cidade, o
professor aproxima a história da realidade dos alunos. Então, estes lugares
passam a ter sentido e utilidade para os mesmos. Isto acarreta também na
conscientização de preservação dos patrimônios históricos das cidades, que
passam a ser defendidos pelos educandos. Enfim, existem muitas vantagens no
ensino da história local e regional dentro da sala de aula, mesmo que adaptada
à grade e aos horários apertados. Que ela possa ser difundida cada vez mais nas
escolas!
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