ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 6 DE MAIO DE 2012
“A História
humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes
presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais entre plantas e galinhas,
nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas,
nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia” (Ferreira Gullar).
O trecho acima foi escrito por
Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, um maranhense, crítico
literário e memorialista nascido em 1930. As palavras acima retratam como a
história vem lidando com seus personagens e as narrativas nos tempos da
atualidade. O “fazer histórico” do presente coloca em destaque figuras sociais
que antes não apareciam na história, tais como os escravizados, as mulheres, os
índios, os operários e trabalhadores dos mais diversos setores. E nesta semana
que se comemorou o dia do trabalhador, é interessante notar a inserção deste na
escrita da história.
No passado, os historiadores
compunham a narrativa histórica baseada nos acontecimentos marcantes e nos
líderes políticos. Seria redundância, porém, dizer que tais historiadores assim
faziam de propósito e julgá-los conforme os tempos de hoje. Na realidade, a
história é uma ciência e, assim como todas as outras de várias áreas, se adapta
à realidade e as necessidades do tempo presente. Então, se no presente, a
sociedade é regida predominantemente por uma camada social opressora, é óbvio
que o “fazer histórico” será concebido por personagens desta mesma camada.
A partir de meados do século XX, no
período das guerras mundiais, o mundo passava por crises econômicas e
políticas. A história, por sua vez, passou a ser elaborada com vistas às crises
e aos processos econômicos. Neste contexto, os povos oprimidos também passaram
a entrar para as narrativas da história, por influências da teoria marxista que
enaltecia a conscientização da classe trabalhadora.
A partir de então, os trabalhadores
e demais setores da sociedade que eram excluídos passaram a fazer parte da
história. Mas, isso aconteceu não somente por causa das teorias. Com certeza, o
principal fator que contribuiu para a inclusão dos trabalhadores foi a própria
luta por melhores condições de trabalho, moradia, vida e direitos trabalhistas
que fez com que o trabalhador ganhasse mais destaque na sociedade. O que não
quer dizer que a luta terminou.
Mesmo com muitos obstáculos a serem
superados, os trabalhadores do tempo presente estão com mais voz e por isso
aparecem no “fazer histórico”. Existem vários trabalhos acadêmicos no Brasil
que, nas últimas décadas, colocam em evidência a questão do trabalhador e suas
várias referências. Em Barretos, pesquisas relativas aos trabalhadores do
frigorífico e daqueles que moravam no bairro “Outro Mundo” já foram feitas por
historiadores graduados. Porém, muitas questões referentes ao trabalhador de outras
épocas ainda estão abertas e aptas a serem pesquisadas por esta nova história.
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