ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 15 DE AGOSTO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2
Agosto é mês simbólico em Barretos.
E os motivos são vários: comemoração do aniversário de fundação do antigo
arraial, a festa do peão, o desfile do “dia da cidade” e as homenagens aos
fundadores veiculadas pela imprensa, instituições e escolas. Por essas e
outras, é visível que neste mês a “história da cidade” venha à tona, com
destaque a seus principais personagens, fotografias antigas, entrevistas a
historiadores, recortes de jornais antigos, dentre outras coisas.
É em agosto que jornais, revistas e
programas televisivos publicam reportagens especiais a respeito das famílias
Barreto e Marques, da doação das terras à Igreja, da construção do arraial e
suas primeiras atividades enquanto cidade. A história é revisitada todo ano.
Uma visita anual aos mesmos personagens, locais e monumentos. O Museu torna-se abrigo
por salvaguardar as fontes de informação. Os historiadores e pesquisadores são
convidados a compartilhar este passado centenário.
Mas, depois de 164 anos de fundação,
será que realmente podemos singularizar tanto o passado da cidade a ponto de
nomina-lo por apenas “história de Barretos”? Não teríamos mais temas, teorias e
personalidades para conhecer e divulgar?
Assim como a historiografia (a escrita
da história) se transforma, a história da cidade pode ser escrita e contada de
maneiras diferentes. Não significa que o dito e pesquisado até aqui está
errado. Pelo contrário, é tudo muito válido e importante. Porém, é necessário
reconstruirmos a história local com novos olhares, pautados em problemáticas,
discussões e cruzamentos de fontes, análises de discurso, dados em séries e
estatísticas, confrontos de teorias, observações iconográficas, etc. Releitura!
Em 164 anos existem muitos temas,
grupos sociais, locais, acontecimentos, movimentos, manifestos e personagens a
serem conhecidos, estudados e compartilhados. Mas, para tal, é preciso que as
fontes históricas (documentos, fotos, jornais, etc) passem a ser analisadas em
novas perspectivas. As fontes são as mesmas, mas o tratamento delas e a escrita
da história podem ser diferentes. Não existe uma “história de Barretos”, mas
sim uma pluralidade dela. Vamos falar mais sobre isso este mês?
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