domingo, 19 de agosto de 2018

A “HISTÓRIA DA CIDADE” E SUAS RELEITURAS

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 15 DE AGOSTO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2

             Agosto é mês simbólico em Barretos. E os motivos são vários: comemoração do aniversário de fundação do antigo arraial, a festa do peão, o desfile do “dia da cidade” e as homenagens aos fundadores veiculadas pela imprensa, instituições e escolas. Por essas e outras, é visível que neste mês a “história da cidade” venha à tona, com destaque a seus principais personagens, fotografias antigas, entrevistas a historiadores, recortes de jornais antigos, dentre outras coisas.
            É em agosto que jornais, revistas e programas televisivos publicam reportagens especiais a respeito das famílias Barreto e Marques, da doação das terras à Igreja, da construção do arraial e suas primeiras atividades enquanto cidade. A história é revisitada todo ano. Uma visita anual aos mesmos personagens, locais e monumentos. O Museu torna-se abrigo por salvaguardar as fontes de informação. Os historiadores e pesquisadores são convidados a compartilhar este passado centenário.
            Mas, depois de 164 anos de fundação, será que realmente podemos singularizar tanto o passado da cidade a ponto de nomina-lo por apenas “história de Barretos”? Não teríamos mais temas, teorias e personalidades para conhecer e divulgar?
            Assim como a historiografia (a escrita da história) se transforma, a história da cidade pode ser escrita e contada de maneiras diferentes. Não significa que o dito e pesquisado até aqui está errado. Pelo contrário, é tudo muito válido e importante. Porém, é necessário reconstruirmos a história local com novos olhares, pautados em problemáticas, discussões e cruzamentos de fontes, análises de discurso, dados em séries e estatísticas, confrontos de teorias, observações iconográficas, etc. Releitura!
            Em 164 anos existem muitos temas, grupos sociais, locais, acontecimentos, movimentos, manifestos e personagens a serem conhecidos, estudados e compartilhados. Mas, para tal, é preciso que as fontes históricas (documentos, fotos, jornais, etc) passem a ser analisadas em novas perspectivas. As fontes são as mesmas, mas o tratamento delas e a escrita da história podem ser diferentes. Não existe uma “história de Barretos”, mas sim uma pluralidade dela. Vamos falar mais sobre isso este mês?     

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