Jesuíno da Silva Mello (Fonte: Álbum Com. do 1º Centenário de Barretos, p. 209) |
Osório Rocha (Fonte: Jornal O Diário, 17/5/1992 p. 7) |
PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 22 DE AGOSTO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2
O artigo da semana passada expôs a
necessidade da “história da cidade” tornar-se plural a partir de novas temas,
problemáticas e olhares (métodos).
Mas, como é sempre dito por essa
historiadora que humildemente escreve, o passado só é “historiografado” a
partir das fontes. Sem fontes, não há onde buscar dados, criar hipóteses,
percorrer objetivos e muito menos alcançar a história. E sobre Barretos, as fontes
são diversas. Ricas! Encontramos vestígios em jornais, fotografias, documentos,
objetos no Museu “Ruy Menezes” e até em plataformas online de arquivos
públicos. Embora, seja notório que o mais preciso sobre nosso passado ainda
esteja nas páginas amareladas de nossos jornais e nas linhas e mais linhas de
livros memorialistas, como os eternos “Barretos de Outrora” (1954) e “Espiral”
(1985).
Desde 1900, o passado de Barretos é
escrito em forma de “tradição” numa coluna do intelectual Jesuíno de Mello no
Jornal “O Sertanejo”. Ali, uma primária (e bem feita!) história de Barretos foi
construída com informações colhidas por documentos e entrevistas a moradores
antigos. Já em 1954, Osório Rocha publica seu “Barretos de Outrora” com dados,
datas, nomes e informações significativas sobre os primeiros moradores do
antigo arraial e sua vida social, política e cultural. A obra de Osório Rocha
possui depoimentos colhidos de populares que viveram nos anos 1900, permitindo
traçar não só acontecimentos importantes, mas também locais de convivência e
sociabilidade. É um livro denso, usado desde sempre por qualquer pesquisador
que se aventure sobre o início de Barretos, com citações sobre posseiros,
moradores, (i)migrantes, ex-escravos, professores, políticos, trabalhadores,
visitantes, artistas, comerciantes, fazendeiros, etc. Tais obras (e outras tantas) sobre Barretos não precisam
ser consultadas somente a nível informativo. Elas podem ser analisadas por seu
próprio discurso, pela biografia do autor e pelo contexto. É visível a
diferença de texto, assuntos e prioridades entre as obras de Jesuíno, Osório e
Ruy Menezes, por exemplo.
De que maneira, então, podemos olhar para
estas “velhas fontes” e produzir “nova história”? Falaremos disso na semana
próxima. Os 164 anos merecem essa discussão.
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