quarta-feira, 3 de outubro de 2018

DESDE SEMPRE, CATIRA!


PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 3 DE OUTUBRO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2


Grupo "Espora de Prata"- fotografia no site de O Diário

             Qualquer barretense que se depara com uma apresentação de catira, de imediato identifica aquela dança e ritmo popular como pertencente à cultura da cidade. Isso porque, até hoje vemos e ouvimos a catira em rodas de música, eventos públicos ou qualquer acontecimento que envolve cultura popular, comunidade e tradição.
            A origem da catira, também conhecida como “cateretê”, remonta à influência indígena, africana e europeia – devido à miscigenação dos povos no Brasil colonial. É uma dança tradicional de várias regiões interioranas do centro-oeste e sudeste, mas em São Paulo é mais conhecida devido a história dos boiadeiros, lavradores e bandeirantes.      E, claro, que Barretos - conhecida zona da pecuária nacional desde os séculos XIX e XX – abrigou a catira como identidade cultural. Algumas fontes históricas comprovam essa antiga relação, como por exemplo a citação de Osório Rocha em seu “Barretos de Outrora” (p. 136) sobre a prática da catira no arraial desde o século XIX. Assim como uma nota social do jornal “O Sertanejo”, que, ao anunciar um casamento, elencava a catira e sua viola como aparatos de alegria na festa: “à noite, finalmente, organizaram-se alegres e variadas diversões, que constaram de jogos e danças, inclusive o retumbante CATIRA ao som da viola popular, e as quais se prolongaram na melhor ordem e geral contentamento até à manhã do dia seguinte” (30/11/1902, p. 3). Até em casamento!
            Extremamente ligada à realidade sertanista de Barretos, desde quando os moradores viviam naqueles distantes anos “1800 e tantos”, a catira tornou-se parte da cultura local. Não só pelos animados passos de dança pareada, mas por envolver a música da viola popular, a vestimenta dos lavradores e boiadeiros e todos os comportamentos de uma comunidade que expressa na dança e nos dedilhados da viola sua própria estirpe.
            Hoje em dia, Barretos ainda conta com apresentações de catira em eventos culturais, como é o caso do grupo “Espora de Prata”. Grupo este, que em toda apresentação, nos faz lembrar de como a catira está em nós desde sempre. E, para sempre.

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