quinta-feira, 15 de novembro de 2018

BARRETOS E ANÁLIA FRANCO (PARTE III)

PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 13 DE NOVEMBRO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2

Dr. Raymundo Mariano Dias,
líder espírita em Barretos.
(Foto do jornal "Correio de Barretos"
1942, Acervo Museu "Ruy Menezes")
O nosso jornal “O Sertanejo” fora usado como veículo de propaganda das obras da “Associação Feminina Beneficente e Instrutiva do Estado de São Paulo” (1901), presidida pela educadora Anália Franco e direcionada às órfãs e mulheres do estado e no interior. Exemplo que demonstra o quanto as ações educativas de Anália Franco foram, de certo modo, acolhidas em Barretos. Afinal, em 1907, por intermédio de Francisco Honorato – político local e fundador da Sociedade Espírita “25 de Dezembro” (1906), chegou a ser fundada na cidade uma sede da “Escola Maternal” da Associação Feminina.
Todavia, sabemos que a Educação não era a única bandeira de Anália Franco. Ela defendia abertamente os princípios da República, e isso era um dos fatores que a tornava bem aceita em vários municípios. O que não se podia dizer o mesmo em relação à religião por ela professada, o espiritismo - ainda não tão aceito. Anália sofrera perseguições. Aliás, pelo próprio exemplo de Barretos, enxergamos nas ações dos membros da Sociedade Espírita (Honora
Francisco Honorato, líder espírita e membro
forense de Barretos. (Foto revista O Malho,
15/7/1911, acervo da Biblioteca Nacional do RJ)
to e R. Mariano Dias), a proteção necessária à educadora para a propagação da educação feminina e a instalação de suas unidades de ensino na cidade.
Apesar do conteúdo caritativo e religioso da Associação Feminina, Anália em suas publicações de jornais, revistas e livros, caracterizava-a como uma instituição laica de ensino às mulheres; por entender a necessidade da laicidade dentro da Educação. Tratava-se de uma mulher culta, versada em leitura pedagógica, inspirada em teorias humanísticas e de grandes pedagogos - como o suíço Pestalozzi (1746-1827). Portanto, Anália Franco fora aquém da prática de ensino, ao produzir (ela mesma) os manuais para professoras, livros didáticos, contos infantis e todo tipo de material pedagógico da instituição.
Em seus textos, percebe-se a presença do conceito de “educação moral”, uma mistura de sólidas bases pedagógicas com um véu religioso/moral, mas sem crença definida, cujo objetivo era instruir e assistir à população feminina tão vulnerável em várias faixas etárias. O que de fato conseguiu, pelo menos até 1919, ano de sua morte. [continua].

Bibliografia básica e fontes: 

MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Anália Franco: a grande dama da educação brasileira. São Paulo: Madras, 2004.
O SERTANEJO, periódico hebdomadário de Barretos, 1903. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
CORREIO DE BARRETOS, periódico de Barretos, 1942. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
A VOZ MATERNAL, periódico oficial da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva do Estado de São Paulo, 1903-1905. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.
O MALHO, periódico do Rio de Janeiro - ano X, 15/7/1911. Acervo da Biblioteca Nacional. 

Link da publicação no Jornal O Diário:
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/79257/BARRETOS-E-ANALIA-FRANCO-PARTE-III



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