ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS NA REVISTA "TUDO DE BOM" - Ano XI, ed. 62, abril de 2019.
Capacitadas
aos mais diferentes saberes e trabalho, as mulheres se fazem presentes nas
diversas produções da humanidade. Estudam, desenvolvem projetos e metodologias,
criam tecnologias, rompem barreiras científicas, quebram paradigmas, questionam
padrões e se destacam na atualidade. Esta relação sólida entre “mulheres e
trabalho”, tornam as mulheres personagens de estudo da História. E autoras da
própria história.
Não precisamos ir tão longe para
exemplificarmos grandiosos feitos, lutas e participações de mulheres nesta
evolução. Aliás, quanto mais próximos a nós estes exemplos se encaixarem, mais
tangíveis eles ficam. Sigamos, então, para nossa cidade, Barretos. Como no
passado, às mulheres eram encarregados trabalhos mais voltados ao intelecto
(menos à força física), vejamos alguns exemplos de produções femininas na
Cultura e Educação. Um trabalho intelectual, mas com resultados concretos e
tateáveis.
Nos anos 1900, quando a cidade ensaiava
seus primeiros passos de urbanização, as mulheres que residiam em Barretos e se
tornavam notáveis pelo talento cultural, tinham uma característica em comum:
eram professoras. Aliás, a profissão de “professora” parece ter acompanhado os
descomunais exemplos de sucesso feminino. Observem:
Noemi
Hilda Nogueira, normalista, em 1901 fundou em Barretos um colégio
particular feminino. Mas se eternizou na história local por ser a única mulher
a colaborar no jornal “O Sertanejo” da época, traduzindo romances franceses.
Era uma ponte entre os leitores da cidade e a literatura estrangeira.
Responsável por levar cultura aos sertanistas leitores do jornal. Uma revolução
à época em que as mulheres mal eram notadas ou lidas.
Haydée
Menezes devotava à cultura grande vultuosidade por ser pianista das mais
renomadas nos anos 1930 e 1940. Levou o nome da cidade por vários cantos do
país ao apresentar concertos musicais até na Amazônia, integrando a Instrução
Artística do Brasil. Seu talento estampava reportagens de jornais conhecidos.
Contemporânea, Adelaide Galati também
usou do piano como instrumento de trabalho e cultura, ao criar em 1943 o “Instituto
Dramático e Musical Santa Cecília”, atuante por anos em Barretos.
Já a década de 1950 foi o período de
surgimento da Pinacoteca Municipal, instituição criada por uma professora do
“Instituto de Educação Mario V. Marcondes” (Estadão), a Profª Maria Aparecida Bernardes Tasso. A Profª Cidinha promoveu
salões de artes plásticas, cujos artistas participantes doaram telas excepcionais
à Pinacoteca.
Os anos 1970 apresentam-se como época
importante, pois a cidade, finalmente, ganhou seu museu municipal, em fevereiro
de 1979. E foi também uma professora a responsável pela organização do acervo,
exposição e abertura ao público. Era a Profª
Lydia Scanavino Scortecci, então Diretora de Educação e Cultura, que
assumiu a missão materializar a história de Barretos no primeiro espaço
museológico criado para tal.
Noemi, Haydee, Adelaide, Cidinha e
Lydia são algumas das mulheres que marcaram a história da cidade por
trabalharem pela Cultura e Educação. Trabalho intelectual, literário, artístico
e histórico! Porém, por vezes invisíveis. Obras que, além de promover o
desenvolvimento da cidade, registraram a capacidade e a força feminina. Elas,
assim como outras ainda anônimas, mostram-se personagens e autoras da nossa
história.
Artigo original publicado na Revista "Tudo de Bom":
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