ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 05 DE NOVEMBRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Link do artigo publicado no site do jornal "O Diário:
Capa original do livro "Divórcio", de 1912. (Fonte: FLORES, H., 2007). |
Ainda no RS, a escritora e conferencista
Andradina de Oliveira fundou o jornal “Escrínio”, onde manteve publicações
literárias com estilo transitório entre o romantismo e realismo, além de textos
sobre o heroísmo feminino e a luta por direitos da mulher. A marca feminina em
seu jornal também era notada pela colaboração de escritoras excelsas como a
carioca Júlia Lopes de Almeida e a mineira Presciliana Duarte de Almeida. Neste
jornal, Andradina era a redatora e sua filha Lola a secretária, atuante também
como exímia pintora e desenhista. Ao longo de suas carreiras, Andradina e Lola
colaboraram em outros periódicos, como a Revista “A Violeta”, do Mato Grosso, na
qual constam diversos de seus poemas e notas sobre a trajetória das duas pelo
Brasil.
O livro mais emblemático da carreira de
Andradina foi “Divórcio?”, publicado em 1912, pela Livraria Universal em Porto
Alegre (RS). Nesta obra, composta por uma introdução seguida de 25 cartas, a
autora em uma linguagem comovente, real e direta, retrata os males e as consequências
do casamento arranjado, a sina das viúvas, a negação da vida profissional, a
falta de independência e dos direitos femininos. Em consequência, a escritora
revela o divórcio pleno como solução à maioria dos problemas gerados pelos
casamentos infelizes. Defendia as mulheres e homens que desejassem desfazer o
enlace matrimonial de maneira plena, com a possibilidade de ambos refazerem
suas vidas sem qualquer tipo de prejuízo legal ou moral, inclusive se casando
novamente se assim desejassem. À época, as principais correntes e instituições
no Brasil que encobriam o divórcio pleno era o positivismo republicano; o
catolicismo ultramontano e a maçonaria. Instituições presentes nas esferas
políticas que não aprovavam o divórcio pleno na forma legal. A todos estes
grupos, Andradina se dirigia diretamente em seu livro, lançando argumentos
simples, cujo maior endereço era a felicidade das pessoas. Dizia que ninguém
precisava se divorciar se não quisesse, mas que não negasse a outrem que assim
almejasse. Suplicava o que para nós, do presente, parece o óbvio. [continua].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FLORES, Hilda A. H. (org.). Divórcio? (de autoria original de Andradina A. Andrade e Oliveira – 1912). Porto Alegre: Editora Mulheres, 2007.
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