segunda-feira, 31 de março de 2008

História é decoreba?


Vejo uma forte atração nesta questão, em razão de sempre escutar frases como: “História é decoreba!”. Por muito tempo questionei isso e hoje me sinto preparada para discordar, com efeito, dessa afirmação equivocada e fundamentar a verdadeira função da história. De acordo com concepções políticas, econômicas, sociais, culturais, antropológicas, geográficas e psicológicas a história dissemina, filosoficamente, a atuação e a relação do homem com as sociedades em geral.
É bem verdade que alguns professores ainda persistem no método positivista quando ensinam a disciplina. Ou seja, a insistência nas datas, nos nomes dos políticos tradicionais e no pensamento de uma história linear e progressista, com a famosa “linha do tempo”. Entretanto, esquecem de mostrar a perspectiva do longo tempo, da transição de um sistema econômico para outro, da mentalidade de cada época, das relações sócio-culturais e da conjuntura vigente de determinado período.
Assim, posso dizer que o estudo histórico também está ligado a uma sólida relação de causalidade. Pois, ao analisar um acontecimento político na história, por exemplo, nos remetemos a sua causa, ao motivo, o pretexto. Em seguida, examina-se o efeito dessa causa, isto é, a consequência originada por ela. E neste âmbito, de saber os resultados do passado, muitos intelectuais afirmam que a história permite uma reflexão no presente e prevê uma ação para o futuro.
Em qualquer tempo, a composição de um entendimento autêntico é consolidada a partir dos respectivos processos: conhecer, refletir, questionar, criticar, discernir, deduzir, argumentar, fundamentar e provar as teses; jamais decorar! Nesse sentido, verificam-se as participações de várias correntes filosóficas e aparelhos ideólogicos, como agentes no desenvolvimento de discussões e pesquisas.
Enfim, para todos aqueles que ainda enxergam a essência da história como um simples ato de decorar, sugiro que reflitam sobre conceitos como os de relação, analogia, anacronismo, formação, transição, hegemonia, modo-de-produção, ideologia, entre outros. Para que façam referência a essa disciplina como um ramo verdadeiro do saber cientifico e cultural, uma fonte enraizada nos princípios de cada tempo e não na mera “apreensão da memória”.
PUBLICADO EM 03 DE ABRIL DE 2008, NO JORNAL "O DIÁRIO" (10º ARTIGO)

Um comentário:

Anônimo disse...

Com toda razão,História não é decoreba.Se bem que meus próprios pais falam que é.
Para se dar bem na matéria de história, é igual matemática vc tenque entender não decorar certo?