quarta-feira, 23 de abril de 2008

Vocação ou Profissão?


Na esfera social da atualidade o que mais se percebe, seja na televisão ou em uma mesa de bar, são discussões sobre a situação política da realidade. É no mínimo curioso e interessante o modo natural com que as pessoas, mesmo de diferentes classes sociais, debatem e questionam sobre esse assunto. Todavia, tornam-se necessárias reflexões sobre a origem, a história, a filosofia e as relações da política, a fim de se entender melhor sobre esta tão atraente forma de organização social.
Os estudos sobre a filosofia deste tema foram iniciados na Grécia Antiga, com o filósofo Aristóteles, que, em sua obra chamada Política investigou acerca do melhor modo de organização social. A raiz da palavra política nasceu do grego pólis, que designava as antigas cidades-estado gregas. Por isso mesmo, a atividade humana estava voltada para os assuntos da cidade, do Estado e das coisas de interesse público. Nesta mesma linha de raciocínio, os gregos enfatizaram que “o homem é um ser político por natureza”, porque naturalmente se relaciona com outros homens, quer seja por proteção ou por não conseguir viver isoladamente.
No mundo contemporâneo, entretanto, as relações políticas estão fixadas em outras formas de organização, sendo estas, muito diferentes da origem grega. Os pensadores atuais referem-se a política como “o processo de formação, distribuição e exercício do poder” (Kaplan). Isto demonstra a estreita ligação da política com o poder, no sentido de que a pessoa que possui os meios de poder torna-se capaz de exercer várias formas de domínio e, por meio delas, pode alcançar os efeitos desejados (definição do pensador Bertrand Russel).
Nesta ocasião, o mesmo pensador atribui a esse poder social três categorias essenciais: o poder econômico: determinação de regras da economia; o político: utilização de força física para o estabelecimento de certas leis governamentais e o ideológico: posse de certas idéias, valores e doutrinas para influenciar nas ações humanas.
Por conseguinte, nota-se que na Grécia Antiga a política era voltada para o bem comum entre os cidadãos. Ao contrário dos políticos atuais, que, se relacionam tanto com o poder, tornando a “ciência de governar” um setor de trabalho. Enfim, a política deixou de ser norteada pela vocação dos cidadãos para se transformar em uma profissão, dando um cunho individualista para aquilo que é escolhido coletivamente pelo povo e para o povo.

ARTIGO PUBLICADO EM 25 DE ABRIL DE 2008, NO JORNAL "O DIÁRIO"

Um comentário:

Unknown disse...

Olha eu aqui de novo... =P
Realmente, a política não é encarada como uma vocação e quem sofre com isso somos nós. Na minha opinião o que acontece com a política é o mesmo que acontece com a religião. Ambas são encaradas como profissão e como maneira de obter lucro.

Até mais Colunista... =)