sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Violinista

Para alguns, Ernesto Che Guevara foi um grande exemplo de vida; para outros, Plínio Salgado enalteceu-se como um líder eloqüente. No entanto, não obstante de nossa realidade, em Barretos, ainda no século XX, destacou-se o professor, bacharel em Direito e músico, Adão de Carvalho. Em um mundo onde a analfabetização e o conformismo eram tidos, por uns, como únicos caminhos da vida, alguns homens e mulheres se sobressaíram a partir da simples atitude de lutar em busca de conhecimento.
Adão de Carvalho era negro. Mas, não é de se espantar que, como muitos outros negros, ele conseguiu superar as dificuldades e acreditar na sua própria razão de ser humano. Nascido no estado da Bahia, Adão veio para Barretos em busca de melhores condições de vida. E, no início, vivia um tanto isolado do centro da cidade, com o nobre ofício de barbeiro e a conseqüente situação precária.
Contudo, a perspicácia de admitir que necessitava de cultuar a sabedoria, fez com que o distinto homem entrasse para o mundo da educação, da solidariedade e da música. Assim, ele se matriculou no Ginásio Municipal, tendo aula em meio às crianças. Posteriormente, formou-se em Direito, em Bauru, chegando a passar fome, para economizar dinheiro e comprar livros. Entre muitos de seus feitos, foi pastor de igrejas protestantes e fundou uma escola particular, denominada “Instituição Amor às Letras”.
Pois bem, cheguemos à célebre e grandiosa atuação musical de Adão em nossa cidade, era um brilhante violinista. Há muitos relatos orais sobre sua arte no violino, onde as pessoas admiravam-se com o soar das suaves notas musicais. Hoje, seu violino é uma das peças do acervo do Museu “Ruy Menezes”, no qual demonstra a emoção das pessoas que o conheciam, e desperta a curiosidade dos jovens que desde já o apreciam.
De fato, somente descrever a biografia de Adão de Carvalho não é suficientemente original. Por isso, concordo, por um lado, com Ruy Menezes: “Deveria isso ser meditado pelos moços que têm plenas felicidades em seus estudos, feitos sem esforços e nem sacrifício”. Por outro lado, Adão não era um negro de alma branca, era um negro de alma própria, corajoso e exemplar. Por fim, Adão de Carvalho marcou a vida de muita gente e, sem qualquer tipo de influência ideológica, sua vida deveria ser um espelho para muitos jovens de hoje!


REFERÊNCIA:
MENEZES, Ruy. Espiral – História do desenvolvimento cultural de Barretos. 1985.

- FOTO PERTENCENTE AO ACERVO DO MUSEU, TIRADA POR *SUELI FERNANDES.
- ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 18 DE JULHO DE 2008.

4 comentários:

Unknown disse...

Pois bem Lady Armani, simplesmente, fantástico.
Você explorou a "figura" Adão de Carvalho com muita propriedade, enaltecendo suas qualidades propriamente ditas e sua luta por buscar um lugar qualificado e respeitado perante a sociedade.
Devia ter lhe conhecido antes para fazer minhas redações de ensino médio, tamanha eloquência hehe.
Continue escrevendo, Barretos carece de pessoas voltadas para este ramo.
Parabéns pelo artigo.
Até a próxima sexta-feira, bjs ;)
\o

Museu "Ruy Menezes" - Barretos/SP disse...

O texto ficou encantador, sua sensibilidade para escrever sobre fatos e pessoas é simplesmente fantástica.
Parabéns!
Ah, tenho mto orgulho de vc, rsrs....
bjos,

Sueli

Unknown disse...

Eiiiiii que bom este artigo, como sempre, trazendo um pouco da história para nossos conhecimentos. Super original a foto do violino, gostei. parabéns querida, vc é uma estrela, senhorita karla Armani Menezes...bjão.

Jorge E.Cardoso Rocha disse...

Parabéns você esta perfeita beijos