terça-feira, 8 de julho de 2008

Personagens de 1932

“Onde estão com vossos ponchos ó jovens de 32!” (Paulo Bonfim). É o que está escrito no primeiro verso da poesia “Jovens de 32”, do saudoso poeta Nidoval Reis. Pois bem, no próximo dia 09 comemoramos o dia da Revolução Constitucionalista de 1932. Na qual, basicamente as juntas revolucionárias reivindicavam o fim de Governo Provisório de Getúlio Vargas, a nomeação de um novo Presidente da República, a autonomia estadual e uma reconstitucionalização do país.
Destaquemos, pois, o período ocorrido na cidade de Barretos, onde aconteceram muitas participações populares de digna significância. A começar com o caso de Dona Fiúca (Sebastiana Cunha da Silva), funcionária do Café Central da época (representante da Gasolina Atlantic). Neste contexto, encontrava-se em Barretos o Batalhão de Ribeirão Preto “Comandante Julio Marcondes Salgado”, com mais de mil voluntários. Como os demais funcionários do Café se alistaram para lutar na Revolução, Dona Fiúca ficou com a responsabilidade de tomar conta do abastecimento dos carros oficiais. Sendo assim, controlava pessoalmente as bombas manuais de gasolina e todos os sábados entregava relatórios completos na sede do Batalhão.
Além do depoimento de Dona Fiúca, outra evidência que temos do fato ocorrido é um documento expedido pelo representante do Batalhão, em Laranjeiras - 13 de agosto de 1932 – Ofício 231, agradecendo sinceramente os inestimáveis serviços prestados pela funcionária.
Outro acontecimento em 1932, teve como palco a Estação Ferroviária e foi registrado em um artigo de Osório da Rocha. Segundo o autor, em 26 de setembro as tropas revolucionárias estavam prontas para embarcar a Campinas. No entanto, “um soldado embriagado, ou mesmo anormal”, saltava diversas vezes da janelinha do trem, com um sabre, e começava a “gingar como capoeira, soltando exclamações e vivas, com jeito de quem queria brigar, guerrear”. Logo, o motorista já muito irritado acabou disparando vários tiros contra o soldado à queima roupa. Consequentemente, os demais voluntários ficaram em confusão e, por isso, iniciou-se um tiroteio de poucos minutos, não só contra o homem, mas para todas as direções, contra a Estação.
Casos como este e de Dona Fiúca retratam o povo também como “heróis”, já que participaram das causas revolucionárias de 1932. Ficam registradas, portanto, as nossas saudações a todos os personagens que movem a história, o povo!


REFERÊNCIAS:
Jornal ABC, julho de 1994.
www.brasilescola.com
Documentos do Museu “Ruy Menezes”
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS/SP) , EM 04 DE JULHO DE 2008.

Um comentário:

Priscila Trucullo disse...

Resalto principalmente o caso de Dona Fiúca. É muito interessante podermos conhecer a história e atuação de "anônimos" num fato tão marcante para o Brasil. É a história vista de baixo, não?
A importante e indispensável participação da figura do povo, que atua, como principal energia na realização de nossa passagem pelo tempo.