sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Tempo da História

Historiografia é um termo utilizado para designar a “escrita da história” nos mais variados trabalhos, bem como um “meio de comunicação” entre os estudos dos historiadores para com a sociedade e seus campos econômicos, políticos e culturais. Eis a relação de estudante e estudado. Nesse contexto, a historiografia passa por algumas modificações, a fim de se adaptar com mais afinco aos estudiosos de cada “escola histórica” de determinada época.
Na Grécia Antiga, o historiador Políbio já rejeitava a retórica, ou seja, aqueles discursos brilhantes na oratória, porém, obstante de qualquer praticidade. E, o fato dele denunciar os seus companheiros como “meros retóricos” já foi um salto para o início da modificação da historiografia. A partir de então, tivemos no século XVIII os historiadores do Iluminismo, que lutaram por uma história não mais restrita aos fatos políticos e militares, e sim por uma história voltada à organização e aos hábitos da sociedade.
No século XIX, a escrita da história sofreu forte influência da sociologia, com Emile Durkheim e August Comte. Com estes, aprimoraram-se as teorias do positivismo, onde, entre muitas outras, a visão “linear e progressista” ajustou-se na história. No entanto, foi no século XX que aconteceu uma brilhante reação contra este “paradigma tradicional” da historiografia, com o surgimento da Escola dos Annales.
Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch, em 1929, os “Annales” basicamente reformularam a história para as análises do “longo tempo”, isto é, sem considerar somente os fatos marcantes. Por exemplo, revalidou-se os grandes ciclos econômicos e as expressivas mudanças culturais como forma de examinar as estabilidades e os problemas do homem social. E, além disso, houve uma fragmentação do estudo histórico, pois, de acordo com as especificidades, surgiram a história econômica, história das mentalidades, história do pensamento político, história regional e outras.
Enfim, com todas estas transformações, a historiografia deve sempre retratar detalhadamente os procedimentos reais da sociedade e reproduzir toda a atividade humana. E, cabe ao historiador a função de criticar os acontecimentos e organizar e explicar o mundo do passado.


REFERÊNCIA:
BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas.
Tradução de Magda Lopes – SP: Editora Unesp. 1992.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS/SP), EM 25 DE JULHO DE 2008.

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pois é José.. Quer dizer, Olá Lady Armani heh.
Estou começando a achar que você utiliza de raciocínio alienígeno para escrever os artígos hehe.
Parabéns por mais essa obra, digamos, prima? não, pois, irá ficar com excesso de elogios né heh.
Você conseguiu mostrar o quanto é amplo e complexo essa tal de, como é mesmo o nome? História né, ou se alguns preferem, Estória heh.
Muito bem enfatisado o elo entre a historigrafia com a sociedade no decorrer dos tempos.
Continue escrevendo com toda essa propriedade, os amantes de história preguiçosos
(no caso eu) agradecem hehe.
Fique com Deus, tenha uma boa semana de inspiração, pois, aguardo o artigo da próximo semana.
Abraços e bjss \o

Priscila Trucullo disse...

O que você escreveu pode ser simplificado em: "História da história". Isto é, uma digna produção historiográfica!
Mas... hehe
Cabe ao históriador detalhar os acontecimentos reais?
Posso dizer que seria impossível, não em todos os aspectos da história, mas na maioria, devido a subjetividade dos documentos. Vou dar o mesmo exemplo que você utilizou: Políbio da Antiguidade Clássica, nós historiadores nunca teremos o privilégio de ter em mãos sua produção original, não só a dele, mas de vários autores da antiguidade, isto é, a verdadeira fonte, mas apenas documentos, ou seja, compilaçoes feitas por outros autores, principalmente medievais, sobre eles e suas obras.
O papel do historiador, agora sim, é criticar os acontecimentos, perceber nas entrelinhas, tanto na fonte, quanto no documento, o que possa significar a história.
Afinal, a história é ciência ou mito?
Diria os dois.