sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ANTROPOLOGIA


As ciências humanas reúnem várias disciplinas, entre elas a curiosa “Antropologia”, na qual algumas vezes se ouve falar, entretanto, pouco se conhece a respeito dela. Seria muita pretensão tentar estabelecer uma definição de Antropologia, mas, pode-se dizer que ela lida com estudos sobre o homem, bem como seus costumes, tradições e conhecimentos dos mais diversos teores. O que previamente pensamos é que, no Brasil, esta ciência é muito relacionada à pesquisa de campo em aldeias e estudos sobre diversas etnias indígenas, quilombolas e até mesmo povos tradicionais.
Para melhor entender esta ciência, podem-se citar os “processos de alteridade”. Ou seja, como a antropologia estuda as diversas culturas humanas, ela necessita que o antropólogo passe um tempo assimilando a cultura em questão, para que ele permita questionar-se a si mesmo e a sua própria cultura. Feito isto, a pesquisa de campo não somente possibilita o entendimento do homem em relação ao índio, como também oportuna a compreensão da alteridade que o indígena exerce em relação a nós.
Após este contato, a cultura do índio, que antes era observada como “diferente” (exótica), passa a ser familiar ao pesquisador; assim como a sua cultura anterior, pode lhe tornar um pouco estranha. Nessa esfera, um importante resultado com a volta do antropólogo é o auxílio que pode ser oferecido ao governo para formulação de políticas públicas, que tanto podem atender aos ensejos governamentais, quanto às demandas de proteção ao patrimônio dos povos tradicionais.
Organizando todas estas informações em um exemplo, posso citar a aventura que espera meu grande amigo Guilherme Moura Fagundes; barretense, 21 anos e estudante de Antropologia pela UnB. Em uma conversa descontraída, Guilherme contou-me que a partir do dia 08 deste mês, passará um mês na região do Alto Juruá (Acre), lugar de maior biodiversidade mundial, estudando os costumes da etnia “Ashaninka”. A pesquisa será pautada na preocupação com a biopirataria, isto é, na apropriação indevida de conhecimentos associados à biodiversidade (fórmulas farmacológicas, saberes da floresta).
Ao Guilherme desejamos uma boa viagem, que a pesquisa seja profundamente rica em termos de conhecimentos mútuos e que sua bagagem de volta seja repleta de novidades para nos ajudar a preservar o patrimônio dos povos tradicionais brasileiros. Afinal, se não fossem o esforços dos corajosos antropólogos, o que seriam destes povos? Saudações à alteridade da Antropologia!

REFERÊNCIA: www.isa.org.br

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS / SP), EM 02 DE JANEIRO DE 2009.

Pintura facial em mulher ashaninka no rio Amônea. Foto: Mauro Almeida, 1983.

Um comentário:

pedro meinberg disse...

Olá!
Parabéns pelo blog, parabéns pela coluna no jornal. Não tenho oportunidade de acompanha-la direto, mas sempre que estou em algum consultório na cidade eu a leio, mas agora que achei seu blog poderei acompanhar seus textos mais vezes - e seus artigos talvez sejam uma ilha intelectual naquele fraco jornal, tipicamente provinciano.
Resolvi fazer o comentário nesse texto porque queria completar uma idéia: a antropologia não só se atenta à cultura indígena ou oriental, enfim, a cultura do "outro"; também se ocupa investigando a nossa própria cultura ocidental, pró-burguesa (existe esse termo? não sei...), cosmopolita e tudo mais: já li trabalhos sobre tatuagens, "vícios" em internet, até sobre hábitos alimentares do brasileiro e futebol e tem também, dentro da antropolgia, estudos sobre antropologia urbana. É uma área riquíssima das ciencias humanas. Pena que é privilégio de alguns acadêmicos.
Até!