sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

SANTOS REIS: PASSADO E PRESENTE



“O Reisado representa, um passado milenar.
Trata-se do nascimento, de Jesus para nos salvar.
Numa visita imponente, dos três reis do Oriente:
Belchior, Gaspar e Baltazar.”


As manifestações populares regionais caracterizam em particular os aspectos culturais das cidades do interior do Brasil. Como alguns preferem dizer, o “folclore” local adiciona aos seus elementos algumas características memoráveis de outros povos ou países. Foi o que aconteceu com a “Festa de Reis” comemorada nesta semana, no dia 06 de janeiro.
Através da tradição ibérica que colonizou nosso país, foram organizados os “Reisados” a partir dos quais desde o Natal até o início de janeiro, as “Companhias” vão de casa em casa sempre acompanhadas com a bandeira de fitas coloridas significando o nascimento de Cristo. A trajetória encena o que é interpretado pelos católicos na Bíblia, ou seja, a viagem que os três Reis Magos, Baltazar, Belchior e Gaspar, sábios astrólogos da época, foram destinados a fazer quando surgiu uma brilhante estrela no céu, até chegar a Belém onde se encontrava o menino Jesus, lá eles o presentearam com ouro, incenso e mirra.
Esta festa é carregada de símbolos, traduções e crenças. Os católicos atribuem a cada símbolo um significado histórico, por exemplo, os palhaços vestidos por indumentárias muito coloridas e máscaras, representam os soldados do Rei Heródes em Jerusalém. Trata-se, portanto, de uma maneira religiosa e mítica de apresentar a história do nascimento de Jesus Cristo aos fiéis. Além disso, desde as fortes cores até os versos em rimas tocados por diversos instrumentos como a viola, violão, pandeiro, triângulo, sanfona e outros, existem influências da música e costumes caipiras.
Ainda mais interessante é que, de fato, este costume é peculiar da nossa região sudeste. Posto que, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes” possui em exposição de seu acervo público as indumentárias e máscaras de dois palhaços, além da bandeira representativa da Companhia de Reis de 1961. Com efeito, certa vez uma turista do Mato Grosso do Sul me perguntou do que se tratava aquelas peças do Museu, pois ela nunca as tinham visto antes. Depois que lhe expliquei, ela se demonstrou curiosa em assistir as apresentações das atuais Companhias, como a famosa festa da Fazenda Armour, e tirou muitas fotos ao lado dos palhaços.
As Festas de Reis também caracterizam nossa cidade e, independente de crenças, precisam ser respeitadas e compreendidas. Muitas são as histórias de promessas feitas e milagres concedidos, demonstrando a relação de proximidade que os próprios fiéis se encaixam perante os Santos Reis. Afinal, tais manifestações traduzem a nossa história, resistiram e ainda resistem à modernidade forçada presente.

REFERÊNCIA: www.independenciaoumorte.com.br

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 09 DE JANEIRO DE 2009.

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