sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

NOS TEMPOS DO SEU ADOLPHO...



O início da história centenária de Barretos já foi contado por Osório da Rocha (1954) através de alguns depoimentos orais de pessoas mais velhas daquele período. Independente das classes sociais, o escritor colhia os depoimentos, transcrevia-os e depois montava o cenário da época. Se assim não fosse, nada teríamos como evidências para discutirmos sobre a origem de nossa cidade. Por conta disso, penso que seja de suma importância o valor que damos aos idosos de nosso tempo, pois são as vivências deles que possibilitam a contagem de nossa história, a nossa identidade.
Na manhã de segunda-feira, entrevistei o Sr. Adolpho de Almeida Fernandes e na presença do amigo Luiz Antônio Batista da Rocha, Seu Adolpho relembrou a juventude, a amizade com João Rocha e alguns momentos valiosos da história do país. Hoje com 94 anos de idade, Seu Adolpho apresenta uma boa memória e leves sorrisos quando se lembra de certos episódios. Nasceu na Fazenda da Onça, no dia 07 de janeiro de 1915, seu pai era Miguel Fernandes e sua mãe Emília de Almeida Fernandes; eram seus irmãos: Alberto, Mário e Maria de Lourdes (Nenzinha). Mais tarde, casou-se com a Sra. Ercília e tiveram dois filhos, Olímpia Maria e Eduardo.
“Aqui de Barretos eu lembro de muita coisa antiga, da política daquele tempo [...]. Eu no início, quando vim pra Barretos... vim pra estuda né, entrei no Grupo Escolar...”, disse Seu Adolpho. Ele já havia estudado alguns anos no colégio de Laranjeiras, mas quando veio para Barretos estudou no Primeiro Grupo Escolar, atual E.E. “Antônio Olympio”, e lembra-se muito bem do prédio escolar antigo de linda arquitetura. Recorda também do próprio Dr. Antônio Olympio: “um nortista que foi deputado, foi prefeito de Barretos...”. Foi na escola que Seu Adolpho conheceu o amigo João Rocha e outros como Hely Pimenta, Milton Baroni e Ruy Menezes; era a época em que eles faziam parte do grupo de escoteiros e segundo ele: “Aquilo pra nós era um luxo”.
Outra passagem que Seu Adolpho contou foi sobre a Revolução de 1932, “o entusiasmo dos paulistas foi fora de sério viu... eu não fui porque eu não tinha idade”. Adolpho relembrou as passagens em que João Rocha foi capturado no Porto Antônio Prado e levado para Ilha das Flores (RJ), e a luta de seu irmão Alberto no pelotão de São João da Boa Vista, por ordem do prefeito Jerônimo S. Barcelos. Além disso, ele salientou a participação das mulheres: “as mulheres daqui... tudo se alistando pra ser enfermeira outras pra ser costureira pra fazer o uniforme.. para os rapazes ir pra Revolução, aquela coisa toda”.
Entre outros, Seu Adolpho fez parte de vários setores sociais e políticos da cidade, como na luta pela Fundação Educacional de Barretos e na Maçonaria Fraternidade Paulista. Foi bibliotecário da E.E. “Mário Vieira Marcondes” por 35 anos e sempre trabalhou para o bem da cidade, já que sorrindo ele disse: “Barretos pra mim... é a coisa mais importante que existe.”

Observação: Muito obrigada Seu Adolpho por tamanha contribuição!

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 23 DE JANEIRO DE 2009.

2 comentários:

ORTIZ disse...

Uma releitura dos fatos, ou seja, uma leitura da história de Barretos.
Meus parabéns pelo blog!!

NILTON VIEIRA disse...

sÉRIO MESMO QUE EU VOU FALAR, PRECISAMOS DIVULGAR MAIS SOBRE A HISTÓRIA DE NOSSA CIDADE, VC, ELISETE, BIE, ROSELI, ADALGIZA COM A PEÇA CAMINHADA, (INDEPENDENTE DE DISPUTAS POLITICAS) ESTÃO DE PARABENS EM DIVULGAR CADA QUAL A NOSSA HISTORIA.
A VC. KARLINHA, O ARTIGO DO ADOLPHO ME ANIMOU PELA DESENVOLTURA E MODO DE ESCRITA..
PARABENS