sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A MISTURA DAS POESIAS



“...porque arte que se preza
se mescla, se aglutina.”
(José Honório, 2006)

É bem verdade que a imaginação é algo que melhor caracteriza o ser humano como um ser pensante e artístico. Por isso, desde crianças praticamos atividades, como leituras e brincadeiras, que acabam por estimular a nossa criatividade. A escola é a instituição apropriada para incentivar a prática de leitura nos jovens, bem como demonstrar as diversas realidades culturais que temos dentro do Brasil. Nesse sentido, pode-se destacar como prática pedagógica, as atividades dinâmicas sobre “Literatura de Cordel”, a qual é uma literatura em versos característica da região do nordeste brasileiro, componente da cultura popular.
Segundo o site da “Academia Brasileira de Literatura de Cordel”, estes escritos poéticos em folhetos existem há muito tempo, mas chegaram à Península Ibérica no século XVI e por lá receberam o nome de “pliegos sueltos” ou “folhas soltas”. A partir de então, como Salvador era a capital brasileira da época, até o ano de 1763 quando foi transferida para o Rio de Janeiro, a Literatura de Cordel foi irradiada para os demais estados da região e ali permaneceu, tornando-se peculiar ao Nordeste. A denominação “cordel” é por conta dos folhetos que são pendurados em cordões (barbantes) nas feiras ou mesmo são espalhados no chão para despertar a atenção das pessoas.
O cordel verdadeiro é acompanhado em seus folhetos pelas “xilogravuras”, que são ilustrações feitas por gravuras entalhadas em madeira, como se fosse um carimbo. Estas ilustrações, com riscos populares, são desenhadas conforme os temas contados na poesia. De acordo com o famoso escritor Ariano Suassuna, os ciclos temáticos dos cordéis são: “o heróico, o maravilhoso, o religioso ou moral, o satírico e o histórico”. Percebe-se, então, que muitos cordéis contam algumas passagens sobre a história do Brasil, tal como a época de Tiradentes e de Lampião.
Ainda nos tempos atuais, a literatura de cordel é vista por algumas pessoas como “literatura de baixa qualidade”, entretanto, se analisarmos mesmo toda a métrica e o conteúdo poético desses escritos, verificaremos o alto grau de entendimento popular sobre a história e cultura regional. Até mesmo o nosso querido poeta barretense, Nidoval Reis, possuía carteirinha como trovador de literatura de cordel na década de 70. Isso demonstra que entender e respeitar a arte poética de outras culturas e somá-la a sua arte é engrandecer-se como poeta.

REFERÊNCIAS:
www.ablc.com.br
www.trovauneversos.com

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS/SP), EM 16 DE JANEIRO DE 2009.

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