segunda-feira, 17 de agosto de 2009

FASES E FACES DO CIGARRO



Todos sabem que há uma semana atrás tornou-se válida no Estado de SP a Lei Antifumo, proibindo o fumo em ambientes fechados de uso coletivo. Os fumantes que nos desculpem em não parar de falar nisso, mas, depois de um século das mais diversas propagandas em favor do tabaco, o cigarro finalmente passa a ser visto como grande inimigo de nossa saúde e o respeito aos não-fumantes invade o cenário paulista.
Já dizia o ditado “A propaganda é a alma do negócio” e com este lema a indústria do tabaco atingiu seus tempos de êxtase durante a segunda metade do século XX. Nesta época, a mentalidade dominante era buscar o estilo de vida “luxuoso” para uns ou “libertário” para outros, então a publicidade aproveita desta vontade humana para vender, em primeiro lugar, a ideia do estilo de vida que procuravam e, depois, o produto.
O público fumante se expandia, ainda mais na época da Ditadura Militar, onde os jovens expressavam seus atos de liberdade e fumar livremente era um deles. Mas, o maior público-alvo da publicidade do cigarro foram as mulheres! Era necessário conquistar o imaginário feminino e as marcas dos “cigarrettes” lançavam em seus cartazes imagens de bebês robustos e sadios! Além disso, eram sempre destacados os slogans de que fumar emagrecia, com isso, as mulheres sentiam-se mais próximas e seduzidas pelo produto. Fumar era o seu charme.
Nas décadas de 70 e 80, as imagens de modelos famosas, artistas do cinema antigo como John Wayne, personagens como “Papai-Noel” e profissionais como médicos e dentistas também eram fortes atrativos e referenciais nas propagandas. A partir dos anos 90, a preocupação com a saúde pública foi maior e as propagandas tabagistas perderam seus dias de glória. De anúncios coloridos e alegres, os maços de cigarro passaram a exibir imagens de pessoas gravemente doentes e debilitadas por conta do fumo.
Nos dias de hoje um novo passo foi alcançado, a Lei Antifumo, agora não só a preocupação com o fumante foi pensada, como também o respeito com o não-fumante foi garantido. Para alguns esta lei parece um fracasso, mas se não acreditarmos no apreço dos paulistas, que tipo de cidadãos somos nós? Do mesmo modo como nos acostumamos a usar cinto de segurança, cumpriremos também esta lei. Assim como a mentalidade a propaganda mudou, fumar não é mais bonito, é nocivo e desagradável. A verdadeira face do cigarro veio à tona e a nova propaganda é “Fumar agora, só lá fora”.

REFERÊNCIA: Revista “História Viva” de jul/2009, reportagem de Maria Berenice C. Machado.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 14 DE AGOSTO DE 2009.

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