terça-feira, 15 de setembro de 2009

IMPERADORES DE UM BRASIL (II)



Depois de relatar algumas linhas sobre o primeiro Imperador do Brasil, Pedro I, nesta semana de comemoração da Independência do Brasil, voltemos o olhar àquela que tanto surpreendeu os brasileiros do século XIX, mas que é pouco citada nos livros didáticos de História: a imperatriz Maria Leopoldina. Seu nome era Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo-Lorena, arquiduquesa da família Habsburgo-Lorena, filha do Imperador da Áustria Francisco I e irmã de Maria Luísa, casada com Napoleão I. Era dona dos mais finos costumes, princípios religiosos e apreciadora das ciências e artes.
Agora, imaginemos esta nobre arquiduquesa chegando ao Rio de Janeiro em 1817, com 20 anos de idade, para casar-se com o príncipe português que ela não conhecia. Pois é, assim foi a chegada da futura imperatriz brasileira na capital do Império, contam os especialistas que ela se assustou inicialmente com os aspectos físicos dos brasileiros e depois com seus costumes muito distintos da cultura européia. Contudo, adotou o povo brasileiro como “seu” a partir do momento em que tomava as poucas e sábias decisões no governo do marido Dom Pedro I.
Todavia, o contraste de personalidades entre Maria Leopoldina e Pedro d’ Alcântara entrou logo em evidência e era notável a fina educação da imperatriz versus os maus modos do imperador. Tiveram sete filhos (mas, nove partos) ao longo de nove anos: Maria da Glória, Dom Miguel, Dom João (ambos falecidos quando bebês), Januária, Paula Mariana, Francisca e Pedro d’ Alcântara. Sua vida no Brasil durou muito pouco, apenas nove anos, e nas cartas que escrevia à irmã era perceptível a vida depressiva que vivia por conta das aventuras de Dom Pedro I com suas amantes, em destaque Domitila de Castro, com quem teve quatro filhos. Faleceu durante o último parto em 11 de dezembro de 1826, no Rio de Janeiro, mas seus restos mortais estão no Parque do Ipiranga em São Paulo ao lado dos do Imperador.
Em contrapartida, a nobre cultura e educação zelada por Maria Leopoldina deixaram-nos alguns objetos de História Natural e Zoologia guardados em seu gabinete, que, mais tarde seu filho, Dom Pedro II, doou ao Museu Nacional com o título de “Coleção Imperatriz Leopoldina”. Em relação a seu filho Pedro II, o historiador J. Murilo de Carvalho ressalta: “Embora D. Pedro II não tenha tido oportunidade de conviver com a mãe, os dois se assemelhavam em muitos pontos. Era-lhes comum o amor aos livros e à ciência, especialmente à astronomia. Tinham também em comum a obsessão pelo cumprimento do dever e buscavam refúgio no estudo quando atormentados pelo tumultuar dos sentimentos”.
Maria Leopoldina, Imperatriz do Brasil, Rainha Consorte de Portugal e Arquiduquesa da Áustria, além de todos seus títulos, foi a primeira “mãe” do povo brasileiro, uma européia culta, que fez das terras americanas a sua pátria.

REFERÊNCIAS:
Revista “Leituras da História”. 1º semestre de 2009.
CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: ser ou não ser? Cia. das Letras: 2007.


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 11 DE SETEMBRO DE 2009.

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