segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A JOVEM REPÚBLICA, LÁ E CÁ (I)




O feriado da Proclamação da República se aproxima e talvez seja interessante reunir alguns artigos sobre este momento tão denso e, simultaneamente, curioso da História do Brasil. A Proclamação da República brasileira pode ser considerada “tardia” em relação aos demais países latino-americanos, todavia, os movimentos republicanos no Brasil surgiram até mesmo antes da Independência, o “problema” maior para sua efetiva consolidação foi a habilidade política do Império de Dom Pedro II, o qual deixou sua coroa com 49 anos de governo ininterrupto.
Os ideais republicanos no Brasil criaram maiores forças e se expandiram depois da criação do Partido Republicano Paulista em 1870, a publicação do Manifesto Republicano contido no jornal A República assinado por 57 pessoas e a Convenção de Itu realizada em 1873. A postura do Imperador nesta situação era de certa estranheza, já que há rumores que em certa ocasião ele disse a Antonio Prado: “Eu sou republicano. Todos o sabem. Se fosse egoísta, proclamava a República para ter as glórias de Washington”. Pedro II era de fato um homem curioso e pervicaz.
O ano da Proclamação da República foi 1889 e se pensarmos nesta data sublimemente, perceberemos o quão fatídica foi a instalação da República brasileira. Em 1889 a França comemorava o centenário da Revolução Francesa (1789) e, nas comemorações em Paris, o Brasil era a única monarquia presente. Ora, certamente o centenário da Revolução que mais marcou a história da humanidade em derrubar uma monarquia absoluta animou os ânimos das camadas mais radicais até as classes conservadoras do Brasil, mais tarde, também republicanas.
Logo, a República brasileira foi comumente planejada em um conluio envolvendo os militares do Rio Grande do Sul, os cafeicultores paulistas e alguns outros políticos liberais. O golpe foi planejado para o dia 20 de novembro, mas pelo adiantamento dos boatos ocorridos na capital federal de que o Marechal Deodoro iria ser preso pela Guarda Nacional do Império, no dia 15 de novembro foi instaurada a República no Brasil. República, esta, “comandada” por um líder que nunca foi republicano e mal sabia dos boatos a respeito da sua suposta (e falsa) prisão, Marechal Deodoro da Fonseca, só aceitou o cargo de primeiro governante para não subjugar o exército, ao qual era importante membro, à Guarda Nacional. A família real partia ao exílio dois dias depois e, de fato, do dia 14 para 15 de novembro o Brasil dormia Império para acordar República. A missão da política brasileira era, agora, “acostumar” o povo com o novo regime. E falando nisso, e o povo? Onde ficou nesta história? É o que veremos na próxima semana...





REFERÊNCIA: CARVALHO, J.M. Dom Pedro II: ser ou não ser. 2007.

 



ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 06 DE NOVEMBRO DE 2009.

Nenhum comentário: