quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A JOVEM REPÚBLICA, LÁ E CÁ (III)




            Mais uma vez, leitores, prossigamos as notícias sobre a República no Brasil do século XIX, agora em Barretos, considerada na época “o baluarte do Partido Republicano histórico”. Sim, a nossa cidade foi um dos lugares de maiores exaltações republicanas, desde alguns anos anteriores à Proclamação da República até as primeiras décadas do século XX. Isto se justifica também por Barretos situar-se no Estado de São Paulo, que foi um dos únicos e verdadeiros propagadores do ideal republicano.
            O primeiro contato da então Vila do Espírito Santo de Barretos com tão “perfeita” República foi estabelecido a partir dos ideais de alguns homens republicanos advindos dos grandes centros urbanos paulistas e da capital federal, depois residentes em Barretos. Como exemplo citamos alguns destes homens vindos do Rio de Janeiro, Campinas, Itu, Limeira e outros, são eles: Silvestre de Lima, João Carlos de Almeida Pinto, Joaquim Fernando de Barros e João Machado de Barros. Alguns com os ideais de República bastante aflorados em seus gestos e palavras, outros nem tanto.
            Silvestre de Lima possuí um passado republicano muito interessante e vasto, pois, natural de Minas Gerais, estudou no Rio de Janeiro e por lá desenvolveu atividades jornalísticas em prol da propaganda republicana. Além do mais, há rumores que Silvestre de Lima “lutou” na campanha abolicionista ao lado de José do Patrocínio e consagrou a causa republicana ao lado do colega Julio de Mesquista – do jornal O Estado de S. Paulo. Almeida Pinto, por sua vez, era daqueles personagens que saíam pelas ruas exclamando ao alto “Viva a República!”; sendo também membro fundador do Partido Republicano Paulista em várias cidades do interior paulista.
            Bem, se pensarmos no símbolo de maior ostentação e expressão republicana, com um fundo de representação política no imaginário social de Barretos, claramente estaremos falando do jornal O Sertanejo. Este, tendo como fundador Silvestre de Lima e colaboradores Almeida Pinto e outros republicanos, estampava em seu cabeçalho: “Orgam do Partido Republicano”. Foi na imprensa barretense, portanto, que as impressões republicanas foram difundidas, através de anúncios e textos sobre as inovações do regime, tais como: o casamento civil, o patriotismo, a nova forma presidencialista de governo, a relação de Estado e município e demais formas constitucionais.
            Por fim, a República no Brasil, proclamada pela elite política e subjugada ao povo, foi conquistada aos poucos e ocasionou breves mudanças na forma política, porém, importantes modificações culturais, que, quando alcançou Barretos fez com que a cidade passasse por uma nova formação social.


REFERÊNCIA: Documentos do Museu “Ruy Menezes”.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 20 DE NOVEMBRO DE 2009.

Nenhum comentário: