domingo, 21 de março de 2010

À OUSADIA DE ANÁLIA FRANCO


            Esta semana se iniciou com belas homenagens ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março, e tais homenagens não chegaram ao fim, pois, como dizem por aí “todos os dias deveriam ser dia das mulheres”. Dizemos isto, por conta dos diversos exemplos de mulheres que a história da humanidade demonstra ao mundo, mulheres que fizeram parte de simples histórias de vida que emocionaram pessoas, as quais, mesmo não vivendo histórias tão intensas passaram a valorizar mais suas vidas e enxergar melhor suas próprias histórias.
            Esta, pois, é a principal intenção deste artigo, provocar as mulheres de hoje com exemplos de mulheres do passado, que ousaram em desafiar as rígidas mentalidades de suas épocas e encaminharam as mudanças vistas na sociedade presente. Então, porque não continuarmos em ousar e desafiar a sociedade e também preparar mudanças para o futuro?            
            Citamos como exemplo a intensa vida da dedicada professora e escritora Anália Franco, a qual viveu e floresceu no Brasil dos séculos XIX e XX. Sua biografia é contada por muitos sites da internet e algumas informações são citadas em textos que não aparecem em outros. Mas, se analisarmos o contexto da época e recortarmos breves passagens de sua vida, perceberemos que Anália Franco foi um exemplo de mulher em todos os sentidos.
            Leitores (as), imaginem o Brasil numa época em que poucas mulheres eram alfabetizadas e que as ruas das principais cidades brasileiras exibiam crianças abandonadas por conta da Lei do Ventre Livre, pois, como as crianças não mais escravizadas poderiam trabalhar, os “donos” de seus pais escravizados as expulsavam das fazendas. Pois bem, Anália Franco viveu nesta época e, assim que se formou “Normalista” (professora), recolhia estas crianças e as abrigavam para lhes oferecer educação, carinho e suas necessidades básicas. Foi assim que, ao longo de sua vida, a doce Anália Franco e seus seguidores fundaram “71 escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, Liceus femininos, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus e flores artificiais em 24 cidades do Interior e da Capital”. Além disso, em 1898, Anália Franco fundou sua própria revista “Álbum de Meninas”, onde passou a ser referência como escritora no mundo da educação e deixou muitos livros escritos aos quais são fontes de estudo na história da educação brasileira.
            Enfim, Anália Franco foi protagonista de uma linda e intensa história de vida que estas poucas linhas jamais conseguiriam definir. Por isso, vale a pena conferir mais sobre sua trajetória no Brasil e refletir sobre como isso repercutiu na vida das mulheres de hoje. Portanto, mulheres, que o exemplo de Anália Franco nos sirva como estímulo para transformar nossa realidade e ser referência para mudanças futuras.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 12 DE MARÇO DE 2010.

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