ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE FEVEREIRO DE 2011
Na semana passada, este espaço do jornal dedicou-se em tratar da história do Museu Egípcio do Cairo, vítima de ataques e roubos nos últimos tempos em decorrência de manifestações populares na Praça Tahir contra o presidente Mubarak.
Pois bem, depois de viajar para o tempo em que Napoleão Bonaparte organizou expedições para encontrar achados arqueológicos da história do Egito e transportá-los para a França, partiremos para o momento em que houve uma corrida desenfreada em busca destas especiarias entre países europeus. O governo egípcio daquela época estava mais interessado em política do que na própria cultura, o que resultou no desembarque de antigas estátuas, sarcófagos, enxovais funerários e outros objetos egípcios rumo à Europa para enfeitar coleções de museus ocidentais.
Esta situação só foi mudar a partir da segunda metade do século XIX com protestos de homens como o pesquisador J.F. Champollion, o cônsul Mimaut e o literato Tahtauy. Tempos mais tarde, surgiu a figura do arqueólogo francês Auguste Marriette, o primeiro a buscar alternativas para o fim da exportação do patrimônio egípcio. Marriette conseguiu das autoridades locais um estudo direcionado das escavações e o arquivamento das peças guardadas em um pequeno museu criado no Cairo. Conforme a coleção aumentava foram necessárias algumas ampliações no Museu, que foi instalado no bairro central de Bulaq perto do Rio Nilo.
Foi exatamente esta proximidade com o Nilo que permitiu uma triste inundação neste Museu no ano de 1878, o que resultou na necessidade de transferi-lo a um lugar mais adequado. Esta transferência demorou a acontecer e o próprio Marriette, fundador do Museu Egípcio do Cairo, não viu se concretizar. Então, depois de ficar guardada alguns anos em uma das casas do Vice-Rei do Egito daquela época, a coleção do Museu Egípcio do Cairo finalmente ganhou um espaço adequado a sua grandiosidade.
Em 15 de novembro de 1902 foi inaugurado o Museu Egípcio do Cairo instalado na Praça Midan el-Tahir, onde perdura-se até os dias de hoje. Trata-se de um prédio belíssimo, pintado com cores rosadas, disposto em grandes salas ligadas em dois andares por escadaria suntuosa. Nele estão devidamente guardadas e preservadas as 150 mil peças do Antigo Egito, como, por exemplo, a Estátua do faraó Djoser, a Tríade de Miquerinos, a famosa estátua do Escriba Real, o colosso de Amenófis IV, a cabeça de Nerfetit e o belíssimo sarcófago de Tutankhamon.
Enfim, quantas maravilhas históricas guardam o Museu Egípcio do Cairo? Quanto tempo levou para que os próprios egípcios valorizassem seu patrimônio? Por quanto tempo o Museu esperou por um lugar adequado? E em quantos segundos vândalos podem destruí-lo? Oremos para que os manifestantes populares possam proteger o Museu e afastá-lo destas ameaças. Afinal, é neste museu que respira a história de seu povo.
REFERÊNCIA: EINAUDI, Silvia. Museu Egípcio, Cairo. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2009. (Coleção Folha Grandes Museus do Mundo).
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