quinta-feira, 10 de março de 2011

MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO (II)


ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE FEVEREIRO DE 2011 

            Na semana passada, este espaço do jornal dedicou-se em tratar da história do Museu Egípcio do Cairo, vítima de ataques e roubos nos últimos tempos em decorrência de manifestações populares na Praça Tahir contra o presidente Mubarak.
            Pois bem, depois de viajar para o tempo em que Napoleão Bonaparte organizou expedições para encontrar achados arqueológicos da história do Egito e transportá-los para a França, partiremos para o momento em que houve uma corrida desenfreada em busca destas especiarias entre países europeus. O governo egípcio daquela época estava mais interessado em política do que na própria cultura, o que resultou no desembarque de antigas estátuas, sarcófagos, enxovais funerários e outros objetos egípcios rumo à Europa para enfeitar coleções de museus ocidentais.
            Esta situação só foi mudar a partir da segunda metade do século XIX com protestos de homens como o pesquisador J.F. Champollion, o cônsul Mimaut e o literato Tahtauy. Tempos mais tarde, surgiu a figura do arqueólogo francês Auguste Marriette, o primeiro a buscar alternativas para o fim da exportação do patrimônio egípcio. Marriette conseguiu das autoridades locais um estudo direcionado das escavações e o arquivamento das peças guardadas em um pequeno museu criado no Cairo. Conforme a coleção aumentava foram necessárias algumas ampliações no Museu, que foi instalado no bairro central de Bulaq perto do Rio Nilo.
            Foi exatamente esta proximidade com o Nilo que permitiu uma triste inundação neste Museu no ano de 1878, o que resultou na necessidade de transferi-lo a um lugar mais adequado. Esta transferência demorou a acontecer e o próprio Marriette, fundador do Museu Egípcio do Cairo, não viu se concretizar. Então, depois de ficar guardada alguns anos em uma das casas do Vice-Rei do Egito daquela época, a coleção do Museu Egípcio do Cairo finalmente ganhou um espaço adequado a sua grandiosidade.
            Em 15 de novembro de 1902 foi inaugurado o Museu Egípcio do Cairo instalado na Praça Midan el-Tahir, onde perdura-se até os dias de hoje. Trata-se de um prédio belíssimo, pintado com cores rosadas, disposto em grandes salas ligadas em dois andares por escadaria suntuosa. Nele estão devidamente guardadas e preservadas as 150 mil peças do Antigo Egito, como, por exemplo, a Estátua do faraó Djoser, a Tríade de Miquerinos, a famosa estátua do Escriba Real, o colosso de Amenófis IV, a cabeça de Nerfetit e o belíssimo sarcófago de Tutankhamon.
            Enfim, quantas maravilhas históricas guardam o Museu Egípcio do Cairo? Quanto tempo levou para que os próprios egípcios valorizassem seu patrimônio? Por quanto tempo o Museu esperou por um lugar adequado? E em quantos segundos vândalos podem destruí-lo? Oremos para que os manifestantes populares possam proteger o Museu e afastá-lo destas ameaças. Afinal, é neste museu que respira a história de seu povo.       

REFERÊNCIA: EINAUDI, Silvia. Museu Egípcio, Cairo. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2009. (Coleção Folha Grandes Museus do Mundo). 

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