quinta-feira, 10 de março de 2011

MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO (I)



ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 18 DE FEVEREIRO DE 2011

            Nos últimos dias a mídia televisiva tem dado seu enfoque repentino à revolta popular estourada no Egito, onde manifestantes buscam a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder incrivelmente há trinta anos. Parte da população egípcia que se une em função disso, reuniu-se na praça central da capital Cairo, Praça Midan el-Tahrir, para manifestar a insatisfação com o governo ditatorial do presidente. Nesse sentido, ondas de violência estabeleceram-se no país e acabaram por destruir parte do maior patrimônio histórico do Egito.
            Ataques de vandalismo foram registrados contra o Museu Egípcio do Cairo, localizado na Praça Tahir, guardião de cerca de cento e cinqüenta mil achados da história do Antigo Egito. Arqueólogos e historiadores do mundo inteiro estão entristecidos. Ao que se consta, estes ataques não foram atos dos manifestantes populares e sim ações de saqueadores que aproveitaram o momento para roubar e destruir pelo menos oito das peças do acervo do Museu. Há de se ressaltar inclusive que algumas pessoas há dias atrás formaram um cordão humano envolto ao museu para protegê-lo de mais ataques. O povo sabe do valor que a história do Egito representa ao mundo inteiro, como berço da cultura africana e de civilizações orientais.
            A história do Museu Egípcio do Cairo faz parte de um longo trajeto, onde o interesse pela arqueologia egípcia foi inicialmente valorizado por povos ocidentais e aos poucos os próprios egípcios foram despertando diante à importância do patrimônio histórico que possuíam a sua frente. Tudo começou com a primeira expedição francesa liderada por Napoleão Bonaparte em 1798 rumo ao Egito, que tinha por finalidade afastar este líder popular da França e conter o avanço britânico no Mediterrâneo. Acontece que o general francês ficou fascinado por aquele país rico de história, ainda mais pelos feitos heróicos de Alexandre, O Grande do qual ele mesmo se identificava.   
            Foi então que, além dos levantes militares contra os ingleses, Napoleão organizou expedições ao longo do Rio Nilo de norte a sul afim de encontrar achados arqueológicos da história do Egito. Estas expedições faziam parte de um grande projeto cultural-científico que era composto de uma caravana de estudiosos como literatos, cientistas e artistas. Nesta época foram descobertos inúmeros objetos das dinastias faraônicas e até mesmo de períodos pré-dinásticos, livrando do esquecimento e dos montes de areia a história de uma civilização de 4000 anos a. C. No entanto, os franceses perderam as batalhas para os ingleses e estes levaram uma séria destes objetos para a Inglaterra, como a incrível Pedra de Rosetta.
            E então, o que aconteceu depois? Quando os egípcios tomaram consciência desta corrida desenfreada por seus patrimônios? É o que veremos na próxima semana. Aguardem...
           
REFERÊNCIA: EINAUDI, Silvia. Museu Egípcio, Cairo. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2009. (Coleção Folha Grandes Museus do Mundo).

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