quinta-feira, 9 de junho de 2011

AS LETRAS DE UM CORONEL



ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 3 DE JUNHO DE 2011

“Deus disse à imprensa: vai e a justiça propaga.
E a imprensa, erguendo à boca a sonora tuba,
ora pomba a arrulhar, ora leão, a juba
em desalinho, foi e rolou como a vaga...”

            O verso acima está registrado nas folhas amareladas do jornal “O Correio de Barretos” do dia 14 de abril de 1957. Segundo a reportagem de onde foi retirado, trata-se de um verso de autoria do conhecido Coronel Silvestre de Lima datado aproximadamente nas últimas décadas do século XIX. Às vistas de Silvestre, tal verso fala do nascimento da imprensa e de sua função na sociedade, como se a mesma fosse disseminar a justiça social por entre os homens. Talvez, neste momento, se encontrava o despertar da veia literária e jornalística de um coronel bacharel que até os dias de hoje é citado na imprensa da cidade.
             Com mais de um século e uma década de fundação da imprensa criada pelo Cel. Silvestre de Lima em Barretos, seu nome ainda perpetua na imprensa talvez por ser a sua biografia um tanto distinta para a época. Tratava-se de um coronel letrado. A expressão “coronel letrado” pode parecer um tanto contraditória se tivermos a única visão de que os coronéis eram homens ligados somente às atividades agrícolas, proprietários de terras e também donos do poder político. Isso em boa parte do Brasil era verdade, mas exceções também fazem parte da história. E, em sua minoria, existiam coronéis que tinham suas atividades concentradas na intelectualidade, talvez como uma maneira de consolidar ou transformar princípios políticos. Como é o caso de Silvestre de Lima, bacharel e poeta.
            Por intermédios de leituras da época e de biografias recriadas na imprensa barretense, conta-se que Silvestre fez parte do movimento abolicionista no Rio de Janeiro, escrevendo textos em jornais e lutando ao lado de José do Patrocínio. Nesta mesma época, intelectuais organizavam-se em um movimento literário conhecido como “Parnasianismo”, isto é, uma onda de poetas em oposição à subjetividade e o sentimentalismo do Romantismo. Os parnasianos valorizavam a métrica poética, as referências aos elementos greco-romanos e a objetividade dos versos. Por conta disso, foram muito criticados pelos modernos da década de 20.
No jornal “O Sertanejo”, fundado por Silvestre, exibiam-se poesias de sua autoria e de famosos poetas da capital federal. Poesias parnasianas escritas por Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac e Silva Jardim, estampavam as páginas do jornal de Barretos como elementos essências à leitura. Caracterizadas pela norma culta, sua leitura nem sempre é de fácil compreensão, ainda mais, porque por utilizarem nomes conhecidos no mundo da Antiguidade.
Os registros que restaram ao presente indicam que a poética de Silvestre de Lima era parnasiana. Entretanto, sua linguagem poética parece também apresentar peculiaridades, como o fato de fazer referências as suas filhas em suas poesias. Os lados da política, da economia, da cultura e da intelectualidade de coronéis como Silvestre de Lima ainda merecem ser estudados, pois suas particularidades devem ser registradas. Afinal, a história não deve generalizar as personalidades, deve buscá-las no quão íntimo for possível para não se tornar senhora de uma verdade só.

Um comentário:

Omelhordomund0 disse...

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