ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 1O DE JUNHO DE 2011
“Amar é ver o sol por entre a noite escura,
É sofrer na alegria de gozar na tortura...
É sofrer num verso do infinito desejo:
- viver por um sorriso e morrer por um beijo...”
O verso acima está registrado no jornal “A Semana” de 11 de junho de 1953. É um belo poemeto que compunha a propaganda do Dia dos Namorados da Loja Imperial. A imprensa nos anos 50 era carregada de propagandas das lojas da cidade, sendo estes anúncios compostos pelos mais variados temas: lâmina de barbear, cigarros, elixir de todos os tipos e roupas. Escrever um poema parecia ser a maneira mais utilizada de se fazer uma propaganda na época, principalmente em datas especiais como o Dia dos Namorados.
No domingo próximo, dia 12, comemora-se o dia dos namorados. Trata-se de uma tradição que remonta ao Império Romano, quando jovens militares foram proibidos de se casar, pois o imperador Claudius II acreditava que os solteiros combatiam melhor do que aqueles que compunham laços familiares. Assim, os clérigos cristãos foram proibidos de realizar matrimônio. Porém, conta-se que bispo Valentim celebrava as cerimônias de casamento às escondidas e por agir desta maneira foi preso e condenado à morte. Quando estava preso recebia secretamente bilhetes e cartas dos apaixonados que juntara em matrimônio. Em um 14 de fevereiro, no século terceiro, Valentim foi decapitado. Tempos depois, quando tornou-se santo, o dia de sua morte passou a ser considerado o dia dos apaixonados, dos enamorados. No Brasil, a comemoração do dia dos namorados tomou outro caminho, uma vez que 12 de junho é a véspera do dia de Santo Antônio, conhecido como Santo Casamenteiro.
Desde que a data do dia dos namorados foi estabelecida tornou-se hábito entre os casais a troca de presentes. Nos tempos atuais, o comércio passou a utilizar esta data como um atrativo aos enamorados. As propagadas televisivas começam a se manifestar quase um mês antes da data, de modo que os casais antes mesmo de pensarem na comemoração em si, pensem primeiro nos preços mais cômodos no momento de presentear um ao outro.
Se pensarmos em tempos mais antigos, na época de nossos avós e bisavós, o presente também era o hábito de se comemorar o dia dos namorados. Mas, que tipo de presente era trocado entre um casal? As serenatas aparecem em primeiro lugar na maioria das mentes das pessoas. Num passado não muito distante, a serenata era a forma mais carinhosa de se expressar o amor pela namorada ou pelo menos àquela moça que se pretendia namorar. Caracterizadas pela tradição portuguesa, as cantorias populares tocadas em violas à beira das janelas eram feitas pelos apaixonados e exprimiam versinhos rimados que muitas vezes acertavam em cheio os corações das mulheres.
Nos dias de hoje estas práticas caíram em desuso e os jovens comemoram o dia dos namorados focados na troca de presentes. Na realidade dos “novos tempos” pouco se vê versos poéticos trocados entre os namorados e quiçá serenatas. Versos como os de “Ranchinho e Alvarenga” ainda podiam fazer parte do Dia dos Namorados: “Meu violão em seresta à luz de um luar / a natureza em festa, tudo parece cantar / só eu tristonho na rua, sozinho, sem ninguém / vivo cantando pra lua a canção que é só tua meu querido bem”.
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