ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 15 DE JULHO DE 2011
Leitor amigo, já reparou que em praticamente todos os meses do ano existe uma data comemorativa a ser recordada? Por que, mesmo hoje, num mundo tão pragmático, o ato de comemorar datas passadas ainda nos é cogitado? Ao que tudo indica, esta atitude em nossa cultura é fruto de uma valorização ao passado como um ponto de reflexão, exemplo ou crítica. A própria palavra comemorar nos remete à memória, visto que seu significado é atribuído ao latim commemorare, que significa trazer a memória, fazer recordar. É neste intento que a ANPUH (hoje, Associação Nacional de História) traz como tema em seu XXVI Simpósio os “eventos comemorativos”, em razão de neste ano de 2011 a associação comemorar seus 50 anos de fundação.
As comemorações possuem a característica de recordar os momentos pretéritos que, geralmente, aconteceram em datas específicas, afim de torná-los ícones de prestígio e/ou reflexão. É nesse sentido que os feriados datados como históricos se repetem todos os anos e, muitas vezes, são temas de aulas de história nas escolas. Assim, as comemorações do 22 de abril, 9 de julho, 7 de setembro, 15 de novembro e outros, não querem somente ressaltar o fenômeno em si do descobrimento do Brasil, da Revolução de 1932, da independência do Brasil e da Proclamação da República, o objetivo principal hoje é traçar uma linha imaginária do tempo perante tais acontecimentos a fim de serem passiveis de análises e críticas, para que o diálogo com o presente seja constante. Comemorar uma data histórica é descongelá-la do passado para que sua essência torne-se alvo de interpretação e sentido para o presente.
Outros tipos de comemorações são as fundações das instituições, como o caso da ANPUH. Em Barretos, por exemplo, nesta década de 10 dos anos 2000 tivemos o centenário do Grêmio Literário e Recreativo (1910-2010), temos os 90 anos da Santa Casa de Misericórdia (1921-2011) e os 80 anos do Sindicato Rural Vale do Rio Grande (1931-2011) e teremos o centenário da União dos Empregados do Comércio (1914-2014). São instituições que foram criadas num contexto político, social, econômico e cultural muito parecido e que até os dias atuais continuam a representar de certa forma o imaginário da comunidade barretense.
Por conta disso, trazer de volta a memória destas instituições, orientando-as quanto as suas transformações e permanências ao longo do tempo é um comprometimento que a comunidade tem com a sua própria história. Que nesta década que agora adentramos saibamos utilizar das comemorações como momentos de reflexão e não mera ostentação, pois a história nos é revelada como uma ponte que liga o passado e o presente não como espelhos e sim como um diálogo.
REFERÊNCIA: http://www.anpuh.org
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