ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 8 DE JULHO DE 2011
“Viveram pouco para morrer bem
Morreram jovens para viver sempre”
(Guilherme de Almeida)
As palavras acima ilustram a base do grandioso Obelisco do Parque do Ibirapuera, símbolo máximo da Revolução Constitucionalista de 1932. O verso do inesquecível poeta Guilherme de Almeida faz menção aos soldados mortos em batalhas entre as guarnições federais do presidente Getúlio Vargas e as tropas paulistas, que buscavam a volta da Constituição e da autonomia política que lhe comprazia na 1ª República. Desta feita, percebe-se que os soldados constitucionalistas, sobreviventes ou não, se perpetuaram na memória paulista por meio dos discursos cívicos na imprensa e nos monumentos erigidos em sua homenagem em todas as cidades.
Assim se encaixa o Obelisco do Ibirapuera, um monumento funerário construído a partir de 1947 e concluído nos anos 70 que nasceu com a intenção de simbolizar a Revolução de 1932. Embora o monumento fosse concluído anos após o início de sua construção, sua inauguração aconteceu no dia 9/7/1955 e conta-se que em seu interior estão enterrados os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Drausio e Camargo (MMDC) e de outros 713 combatentes. Trata-se de um monumento de 72 metros de altura, produzido pelo escultor Galileo Emendabili e que é carregado de inscrições narrativas sobre a história paulista e simbologias referentes ao episódio de 1932.
Mas, nos atentemos a relação do macro com o micro na história. A imprensa barretense, sempre envolvida nas comemorações cívicas da data magna de 9 de julho, também se manifestava na época da construção do Obelisco do Ibirapuera. O jornal Correio de Barretos do dia 13 julho de 1958 noticiava na primeira página que o governador do Estado de São Paulo, Jânio Quadros, iria apresentar a Assembléia Legislativa um projeto que complementasse as homenagens póstumas do Obelisco do Ibirapuera viabilizando verbas para pesquisas nos cemitérios das cidades interioranas afim de resgatar os restos mortais de todos os combatentes mortos durante da revolução de 1932 para serem transferidos ao obelisco.
A imprensa barretense dos anos dourados, instintiva por si só, passou a defender tal projeto e a chamar a atenção do poder público quanto o túmulo do único combatente barretense morto na causa revolucionária de 1932, Sizenando Moreira, também conhecido por Umburana. Um ano antes desta publicação, isto é, em 1957, já era visível a consagração dos barretenses com este ex-combatente, visto que o mesmo jornal tinha publicado uma reportagem declarando as homenagens feitas pelos grupos escolares de Barretos em frente ao túmulo de Sizenando, que na verdade não era considerado um mausoléu digno a um efetivo membro da causa paulista.
É incrível o fato dos barretenses, de outrora, despenderem tantos esforços nas comemorações do 9 de julho. Verdadeiramente, uma data pode marcar de vez uma história e dizer muito sobre a memória de um povo.
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