sexta-feira, 1 de junho de 2018

CEM ANOS DO “ÁLBUM DE BARRETOS” (PARTE 4)

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 01 DE JUNHO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2 


            A pergunta do artigo da semana passada nos leva a refletir sobre os diversos temas de estudo deste centenário álbum. Ao apresentar imagens e textos mencionando somente o bairro central, o álbum desperta possibilidade de estudar aquilo que não aparece: o(s) outro(s) lado(s) da cidade, os conflitos sociais, os múltiplos grupos sociais, os demais cultos religiosos, os problemas urbanos, as mulheres, as dissidências políticas, etc.
            Analisando-o dentro das perspectivas “documento e monumento”, conceituadas pelo historiador francês Jacques Le Goff, o álbum se mostra como interessante fonte descritiva (“documento”) sobre a cidade no início do século XX, suas personagens, locais de sociabilidade, convivências políticas e índices econômicos geradores de forte comércio e indústria. Mas, ao mesmo tempo, o álbum pode servir como uma plataforma de propaganda (“monumento”) sobre aquilo que os escritores e políticos republicanos consideravam como “modernidade”, atrelada ao materialismo de seus edifícios, instituições públicas, administrativas, culturais, recreativas, religiosas e científicas.
            Assim como outras cidades do interior paulista, Barretos era uma localidade em que o republicanismo era trabalhado nas notas dos jornais, nos nomes das ruas, na eleição dos membros do PRP, assim como na “modernidade” da arquitetura de seus prédios, em inaugurações de bustos, nas praças e coretos e nas festividades cívicas. E o álbum também deixa esse discurso, de certa forma, ser transparecido, haja vista os elogios aos serviços públicos do Grupo Escolar (estadual) e da Guarda Nacional, além da origem do frigorífico pelo Conselheiro Antônio Prado. Há ainda a riqueza de detalhes sobre aspectos ambientais e geográficos da região, como a Cachoeira do Maribondo, tão estudados pelo governo paulista. Fato que é justificado também pelo autor pertencer à Sociedade Paulista de Agricultura (século XIX) e à Sociedade Scientífica de S. Paulo (1903).
            Enfim, é bem verdade que as problemáticas de “modernidade”, “economia local e regional” ou “republicanismo” moram nas entrelinhas do álbum. Mas, ali, o conceito de  “agricultura” também é interessante. Quer ler sobre isso no próximo artigo? Aguarde.




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