quarta-feira, 18 de julho de 2018

SOBRE ESCRITORAS, EM 1800

Júlia Lopes de Almeida - fotografia do site do jornal "O Globo"

Narcisa Amália - fotografia retirada do site do jornal "O Globo"
ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 18 DE JULHO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2  

Nísia Floresta Brasileira Augusta - fotografia do site "Carta Maior"
            Estudioso(a) ou curioso(a), qualquer pessoa que goste de ler jornais e livros antigos publicados no Brasil no distante século XIX, percebe que a esmagadora autoria das publicações é de homens. Mesmo assim, algumas mulheres, geralmente ligadas à educação (professoras), tornaram-se importantes autoras de romances e renomadas articulistas. Por serem poucas e raras, estas mulheres resistiram aos preconceitos e perseguições da época, e hoje são referências de estudos à História, Literatura, Política e Filosofia. Escreviam sobre a capacidade intelectual da mulher, a importância da educação feminina, a independência financeira, o feminismo e a sororidade entre elas.
            Na literatura, o Brasil no século XIX caminhava em paralelo à Europa ao valorizar o “romance” como o maior produtor de livros e reafirmar a burguesia como seu maior público leitor. Porém, mesmo diante às “revolucionárias” ideias liberais na política e sociedade, às mulheres era negada a educação superior, a erudição. O pouco que se falava sobre o universo feminino, era escrito por homens. Ainda mais, tais registros estigmatizavam as mulheres ora com padrões da maternidade/casamento/lar, ora com discursos que as ligavam à histeria/loucura/males.  Mesmo com essas dificuldades, mulheres da Europa e da América lançaram-se à prática da escrita, revolucionando a época ao escrever com e sobre seu próprio olhar, corpo, ambiente, pensamento e futuro.
Em histórias de ficção literária ou em artigos politizados de jornais, as brasileiras também expurgavam a visão tradicional da mulher, para fazer valer a “nova mulher”, independente na capacidade, na emoção e na direção da própria vida. Em artigo publicado no livro “A História das mulheres no Brasil”, a Profª Norma Telles exemplifica temas centrais nas obras literárias e publicações periódicas de escritoras brasileiras no Brasil oitocentista. Nomes como Nísia Floresta Brasileira Augusta, Ana de Barandas, Cora Coralina, Maria Firmina dos Reis, Narcisa Amália de Campos, Maria Benedicta Camara Bormann e Julia Lopes de Almeida, são alguns dos expoentes da literatura brasileira feminina. Autoras de linhas fortes, escritas à pena da teimosia, precisam ser lidas, relidas, estudadas e propagadas por todos nós, que ainda lutamos pelas mesmas causas.

Referência bibliográfica: 

TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: PRORE, Mary del (org.); PINSKY, Carla B. (coord). História das mulheres no Brasil. 19 ed., 1 reimp. – São Paulo: Contexto, 2012, p. 401-442.

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