quarta-feira, 25 de março de 2020

A PANDEMIA DE 1918


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 17 DE MARÇO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 

        
Sede do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos em 1918.
(Fonte: Álbum Comemorativo do 1º Centenário
da Fundação de Barretos).
   
Desde que se tornou pública a pandemia do novo “coronavírus”, causador da Covid-19, a imprensa tem se dedicado em alertar as populações quanto às medidas de prevenção e todo tipo de informação. Diante deste tema, levanta-se a questão a respeito dos outros momentos em que o mundo se viu vítima de históricas pandemias.     
            A Gripe Espanhola, alastrada em 1918, é o caso mais citado de pandemia na história mundial, e constantemente revisitado. Isso porque, na época, os números de infectados (estima-se em 500 milhões de pessoas) e de vítimas foram alarmantes, afinal 3% da população mundial teria sido morta. O contexto histórico dava-se em meio à 1ª Guerra, época de grandes aglomerações internacionais – principalmente nos campos de batalha, contribuindo para a rápida disseminação além-mar. O contato entre as massas urbanas já emergentes neste período, somadas à incipiente estruturação da saúde pública, a falta de profissionais preparados e a inexistência de remédio para a cura, contribuíam ainda mais para a contaminação pelo vírus em todos os continentes.
            No Brasil, os estragos não tardaram a chegar, inclusive com várias mortes de pessoas conhecidas. Em vários cantos do país há registros sobre a chegada dessa doença tão avassaladora. Em nossa cidade, por exemplo, os casos da gripe espanhola se espalhavam dia a dia, atingindo crianças, adultos e idosos e fazendo vítimas a todo instante. O caso foi tão grave que nem o único (e pequeno) hospital existente – a Casa de Caridade que funcionava na Sociedade Espírita “25 de dezembro” – conseguia atender a demanda. Logo, o Grêmio Literário e Recreativo disponibilizou sua sede para se tornar um “hospital provisório” a fim de abrigar os doentes, notadamente os desvalidos, contando com os serviços dos profissionais da saúde e de leigos voluntários.
            Passados mais de cem anos, como a cidade se preparará para uma nova pandemia? Os tempos são outros, o arsenal de remédios e a medicina evoluíram; mas, seria isso o suficiente? Que aprendamos a pensar em saúde pública!

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