ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE MARÇO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
E quando tudo isso passar, o que
restará? A História. Os registros. As narrações. As fontes. Hoje, confinados em
nossa residência (pelo menos aqueles que assim podem ficar), estamos sentindo
na pele os efeitos da pandemia do coronavírus. Afinal, é para poder salvar
vidas que permanecemos confinados, o comércio fechado, as autoridades
trabalhando, a imprensa informando e os profissionais da saúde se desdobrando.
Este é o cenário do presente. Mas, e quando isso virar passado?
Imagem google |
Imagine-se no futuro, sendo
identificado como uma testemunha ocular deste momento histórico. Quais pontos
você lembraria e narraria sobre este momento? Elencaria “heróis”? Por outro
lado, imagine-se lendo um livro de História sobre este período, cuja realidade
você testemunhou; será que você se identificaria com o que ali estaria narrado?
Certamente, você seria uma importante fonte para complementar este suposto
trabalho histórico, visto a potencialidade de uma testemunha oral. As memórias,
as vozes, as mãos e as lágrimas dão vida a estas produções. Acredite.
O que ficará para a História será
uma amplitude gigantesca de temas: a recessão econômica, a mobilização da saúde
pública, o avanço das pesquisas nas universidades, a visibilidade das
autoridades (notadamente os estados e suas autonomias), a posição do chefe de
governo e seus ministros, a notoriedade da imprensa, a suspensão do mundo da
cultura e do entretenimento, as interferências governamentais nos direitos
individuais (o acatamento e o descumprimento delas), o pânico popular frente à
uma suposta falta de alimentos, a inflação nos itens básicos, o comportamento solidário
com os idosos, o afastamento dos alunos da escola e o desespero do mercado
informal; são somente alguns dos temas que agora vislumbramos como futuros
estudos. Porém, certamente, dependendo do viés histórico, a História nos
analisará a luz de muitas outras gotas desta tempestade que agora vivemos e
ainda não enxergamos. Talvez porque o que queremos seja somente que ela passe.
E que logo venha o arco-íris.
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