quarta-feira, 25 de março de 2020

RETRATISTAS E RETRATADOS (PARTE III)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE FEVEREIRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 


Agnello Corrêa, quando chegou a Barretos, em 1905, tão logo recebeu a encomenda de retratar os políticos Jorge Tibiriça (governador de SP) e Rodrigues Alves (presidente da República). Fato que revela como os políticos republicanos eram idealizados como líderes, inserindo-se à criação do imaginário republicano.
A mesma realidade se aplicava às lideranças locais, no caso dos prefeitos, presidentes do legislativo e juízes. Eram personalidades retratadas por artistas reconhecidos, cujas assinaturas promoveriam relevância e operosidade. O artista Agnello Corrêa, por exemplo, veio à cidade, produziu obras, vendeu-as, recebeu mais encomendas e depois retornou. Assim, “O Sertanejo” já o anunciava com preponderância: “Tão conhecido e sympathisado como é no nosso meio, onde enriqueceu diversos lares e a galeria da sala da municipalidade” (01/10/1905, p.1).
            A cada obra produzida por Agnello (cerca de 7), o jornal narrava a forma pela qual o retrato era recebido. Inicialmente, destacava-se o fato de a encomenda ter sido feita como um presente de certos amigos para homenagear o retratado; depois, a entrega do quadro era feita por festejos – incluindo banda de música, fogos, discursos e até bailes na residência do homenageado. Exemplo disso vê-se na entrega do quadro a Olavo de Carvalho, onde: “A noticia circulou de bocca em boca com uma velocidade electrica, de sorte que aquillo que deveria ter um caracter nimiamente particular, assumiu às proporções dum acontecimento [sic] (O Sertanejo, 07/05/1905, p. 2).
            Já a entrega do quadro do juiz João Baptista Martins de Menezes ocorreu-se de maneira solene, utilizando-se do espaço público da Câmara como um local de mistura do “público-privado”: “Apenas terminando este discurso rompeu o hymno nacional e o Presidente da Camara correu a cortina que encobrira o retrato que se inaugurava sob ruidosa salva de palmas, sendo o manifestado coberto de flores que lhes atiraram – gentis senhoritas que o rodeavam [sic] (O Sertanejo, 14/05/1905). [continua].






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