ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 25 DE FEVEREIRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Agnello Corrêa, quando chegou a Barretos,
em 1905, tão logo recebeu a encomenda de retratar os políticos Jorge Tibiriça
(governador de SP) e Rodrigues Alves (presidente da República). Fato que revela
como os políticos republicanos eram idealizados como líderes, inserindo-se à
criação do imaginário republicano.
A mesma realidade se aplicava às
lideranças locais, no caso dos prefeitos, presidentes do legislativo e juízes.
Eram personalidades retratadas por artistas reconhecidos, cujas assinaturas
promoveriam relevância e operosidade. O artista Agnello Corrêa, por exemplo,
veio à cidade, produziu obras, vendeu-as, recebeu mais encomendas e depois
retornou. Assim, “O Sertanejo” já o anunciava com preponderância: “Tão
conhecido e sympathisado como é no nosso meio, onde enriqueceu diversos lares e
a galeria da sala da municipalidade” (01/10/1905, p.1).
A cada obra produzida por Agnello
(cerca de 7), o jornal narrava a forma pela qual o retrato era recebido.
Inicialmente, destacava-se o fato de a encomenda ter sido feita como um
presente de certos amigos para homenagear o retratado; depois, a entrega do
quadro era feita por festejos – incluindo banda de música, fogos, discursos e
até bailes na residência do homenageado. Exemplo disso vê-se na entrega do
quadro a Olavo de Carvalho, onde: “A noticia circulou de bocca em boca com
uma velocidade electrica, de sorte que aquillo que deveria ter um caracter
nimiamente particular, assumiu às proporções dum acontecimento [sic]”
(O Sertanejo, 07/05/1905, p. 2).
Já a entrega do quadro do juiz João
Baptista Martins de Menezes ocorreu-se de maneira solene, utilizando-se do
espaço público da Câmara como um local de mistura do “público-privado”: “Apenas
terminando este discurso rompeu o hymno nacional e o Presidente da Camara
correu a cortina que encobrira o retrato que se inaugurava sob ruidosa salva de
palmas, sendo o manifestado coberto de flores que lhes atiraram – gentis
senhoritas que o rodeavam [sic]” (O Sertanejo, 14/05/1905). [continua].
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