quarta-feira, 28 de maio de 2008

Reflexão das Mentalidades

A vida social barretense, em meados do século XX, é notadamente relevante, também para o contexto atual, posto que, o seu estudo aprimora o entendimento das origens de nossos costumes. Na medida em que se problematizam os fatos passados e se condicionam os raciocínios, logo, elaboram-se teorias, a fim de justificar os acontecimentos.
Neste âmbito, os principais personagens do desenvolvimento de nossa história são aqueles que garantiam e participavam das produções da sociedade. Em outras palavras, e, tomando-as emprestadas de Osório da Rocha, “os homens menos importantes iam dando impulso à roda do progresso”. Concretiza-se, dessa forma, o papel essencial do trabalhador, das mulheres, dos imigrantes e até das crianças.
Em meio disto, há uma divertida passagem no livro “Barretos de Outrora”, contando o momento da chegada de um circo montado na rua 14 com a avenida 15. Nesta ocasião, reuniram-se os barretenses, e o palhaço iniciou o espetáculo com seus versinhos. Em seguida, um sanfoneiro começou a tocar, mas, o público se irritou, pois, havia na cidade uma excelente banda de música, a qual, eles queriam que fosse a atração principal. No entanto, o diretor italiano do circo explicou: “Rispetabile publico! Barêto num precisa di banda di musica, perchê ê ancora um picolo arraiale. Uma sanfona vecchia é quanto basta”. Com efeito, o público revoltou-se com ele e desesperadamente acabou-se de vez o espetáculo.
Considerando que, neste ambiente, haviam diferentes pessoas, nota-se, entre eles, a característica de necessidade do “melhor”, do novo e o mais bonito (no caso, a banda de música). Este quadro perdura-se até hoje, no sentido de que nós, na condição de seres humanos, precisamos, a qualquer tempo, de alcançar aquilo de maior “status”, para podermos ser considerados inclusos em uma sociedade.
Portanto, o mais particular caso, como o circo que fora montado em Barretos, auxilia como fonte para a compreensão da mentalidade cultural do homem daquela época e, assim, age na reflexão da origem da mentalidade do homem atual.


ARTIGO PUBLICADO EM 23/05/2008, NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS / SP)

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