sexta-feira, 30 de maio de 2008

Da Cultura ao Capital

No decorrer da Idade Contemporânea, é vista uma clássica questão filosófica, a respeito da crise da individualidade humana, bem como sua origem e seus motivos. Partindo da premissa de que o mais perceptível, neste período, é uma incessante busca pelo prazer individual, pode-se afirmar que os homens dos séculos XX e XXI tornaram-se cada vez mais egoístas, na medida em que os próprios sistemas sócio-econômicos vigentes os distanciaram da coletividade.
Sendo assim, alguns intelectuais, como o educador Paulo Giraldelli, defendem a origem da individualidade do homem, no momento em que as suas características particulares passaram da consciência para o corpo físico. Isto é, deixamos de sermos rotulados como católicos, comunistas ou facistas, para sermos gordos, belos ou jovens. A maneira como somos julgados ou vistos, na sociedade hoje, é de acordo com o nosso físico e não mais com os nossos ideais e opiniões. E, isso, acarretou no homem como um ser puramente individual e estereotipado por suas condições sociais.
Estas circunstâncias do individualismo humano são confirmadas pelo crescente e compulsivo consumismo que praticamos a cada dia. Quanto maior o nosso poder aquisitivo, maior quantidade de bens materiais consumimos e, assim, maior status e qualificação temos aos olhos da sociedade. Por isso mesmo, verifica-se que somos, historicamente, ativos escravos do capital e, se nada mudar, continuaremos a ser.
No entanto, também somos submetidos à tradição cultural de nossa história. Por exemplo, no filme nacional “Quanto vale ou é por quilo?”, demonstra-se, entre inúmeros aspectos, o paralelo entre a escravidão brasileira no século XVIII e a situação de miséria, maneiras e necessidades de sobrevivência e resistências, as quais a massa é sujeita até hoje. Posto que, mesmo passados duzentos anos, a luta para sobreviver, entre as exigências da sociedade, é vigorada quase que da mesma maneira dos tempos passados.
Portanto, entre todas as abordagens sobre a crise da individualidade humana, percebe-se que o homem se tornou individual, quando o sistema econômico passou a valorizar mais a sua beleza física e particular. A partir de então, o consumismo aumentou, intensificou-se a necessidade por dinheiro e toda essa crise foi ratificada e fixada por nossa cultura capitalista.
REFERÊNCIAS:
Filme: Quanto vale ou é por quilo?
GIRALDELLI, Paulo Jr. Didática e teorias educacionais, 2002.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO", EM 30 DE MAIO DE 2008.

2 comentários:

Prof: Sidnei Silva disse...

vivemos o mundo das ansiedades nunca saciadas em um presente que consome todos os nossos sentidos. o passado tornou-se mercadoria como se nossa sociedade tentasse fazer da história e da memória um lenitivo para a indiferença e o esquecimento. em um tempo de culto à incansável novidade, qual o lugar da história?
ainda é possível pensarmos em termos de grandes modelos de compreensão do mundo?
sob quais elementos a memória se constrói em nossos dias?
Vejo que compreensão do mundo e possível, sim e possível!!
Sidnei Pereira Silva
=D=X

Priscila Trucullo disse...

Legal...
Vi esse filme, quanto vale ou é por quilo? na semana de seminários do Pet de história. O seminário era sobre Maio de 68 e o professor Tosi fez justamente um contraponto com àquela revolução cultural dos jovens que foi uma negação do sistema de ensino e da sociedade da época, que justamente refletia estas relações sociais entre passado e futuro, como no caso dos escravos e da periferia. Além de que, esta sociedade consumista e individualista continua a corromper, mesmo talvez, algum verdadeiro valor que ainda exita. Talvez, não sei ao certo, Maio de 68 tenha sido uma tentativa de compreensão do mundo(como disse o Sidão) e modificação... tomara que os jovens de hoje continuem a manter o ideal!!
XD
=***