quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ritmos e Poesias

Uma das formas utilizadas pelo povo para manifestar as expressões de lutas e protestos sócio-culturais é a música. Com base nisso, os diversos estilos musicais relevam os pensamentos de determinada cultura, a fim de propagar soluções práticas aos problemas encontrados na sociedade. Dessa maneira, o hip hop brasileiro apresenta a questão histórica da exclusão do negro, assim como a construção de sua identidade.
Pois bem, esse estilo musical explodiu na segunda metade da década de 70, nos bairros periféricos, denominados de guetos, de países como os Estados Unidos da América. Nesse sentido, o hip hop é uma cultura urbana, vinculada a tornar público a poesia, a dança e a arte como movimentos de lutas sociais e expressão das dificuldades e necessidades das classes excluídas.
Ele se baseia em quatro elementos principais: o DJ (músico sem instrumentos), o RAP (ritmo e poesia), o break (representação da dança) e o grafite (a arte plástica pelos desenhos espalhados nas ruas das cidades). A origem epistemológica da expressão vem do inglês hip: “quadril” e hop: “saltar”, ou seja, saltar balançando o quadril. Em razão disso, os participantes e militantes dos grupos de hip hop possuem estilos próprios de se vestir e de falar.
No Brasil, o hip hop emergiu em meados da década de 80, mas, foi influenciado pela cultura local e pela musicalidade do samba e, assim, adquiriu novos traços e novas formas de manifestação. Portanto, percebe-se que só o hip hop brasileiro apresenta o rap com um pouco de samba, o break parecido com a capoeira e grafites de cores mais vivas. Além disso, os próprios militantes brasileiros o consideram como um movimento muito mais crítico e politizado que o norte-americano.
É como disse o ex-líder da banda Nação Zumbi, Chico Science (também influenciado pelo hip hop): “Eu me organizando posso desorganizar”. Isto é, toda a trajetória do movimento hip hop é aliada à organização das idéias entre seus membros, com a finalidade de conseguir devolver o negro a sua própria identidade cultural e remontar a sociedade de uma maneira possivelmente igualitária.

ARTIGO A SER PUBLICADO EM 09 DE MAIO DE 2008, NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP)

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