segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

AS HISTÓRIAS DOS VELHOS


Por muito tempo as três fases da vida humana, infância, vida adulta e velhice, foram vistas com base somente no homem adulto. Ou seja, a criança era enxergada como um “mini-adulto” e a velhice era meramente a fase final da vida adulta. Não eram consideradas como fases distintas e muito menos tinham suas peculiaridades reconhecidas. Com o passar dos tempos, este quadro se modificou e as diferenças foram aceitas, entretanto, algumas vezes a mentalidade do passado nos impede de realizar muitas coisas.
Tratando-se da velhice, percebe-se que o Brasil está se tornando um país “maduro”. Posto que, com a diminuição da quantidade de filho por casal e o aumento da expectativa de vida, o número de idosos cresce constantemente. Tanto que, estima-se para o ano de 2.025 que 15,4% da população brasileira terá 60 anos ou mais de idade.
Em outra perspectiva, o mais curioso nos idosos é a questão da memória. Qual família não tem sempre um vovô para relembrar os velhos tempos? Isso é muito importante no sentido de aproximar a família às histórias das diferentes épocas. Por exemplo, um vovô que participou da 2ª Guerra Mundial ou aquele que se lembra dos passeios dos trens da Cia. Paulista de Estrada de Ferro.
Segundo os dados do IBGE, a parcela da população barretense maior de 60 anos é do total de 7.988 mil habitantes. Estes idosos são como a história, isto é, eles auxiliam-nos a entender o presente através dos recursos do passado. Pois, o que seria da memória de Barretos se não fosse os escritos de José Vicente Dias Leme? Os primórdios do futebol barretense com os irmãos Antônio e Alberto de Barros? A amizade do Prof. Nazim Chubaci? O jornalismo de Monteiro Filho? As histórias contadas por Luiz Brandão sobre seu pai (o primeiro prefeito da cidade)? A infância mineira da Aidê que trabalha no Museu? As lembranças da escravidão dos avós da Dona Lourdes? As recordações teatrais do pai da Dona Albília Thereza e do irmão da Dona Therezinha Marques? E ainda os contos que meu avô Antônio adora falar sobre os prefeitos?
Entre muitos outros que aqui não cabem nestas linhas, estas pessoas fazem parte de uma população viva, demasiadamente sábia e que jamais deverão ser consideradas como obsoletas. Portanto, devemos nos espelhar no pensamento da fabulosa escritora Ecléa Bosi: “O velho não tem armas. Nós é que devemos lutar por ele”.

REFERÊNCIA:
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Revista “A Terceira Idade: Estudos sobre Envelhecimento”. Publicação do SESC-SP, Volume 19 – nº 43 – outubro de 2008.


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS / SP), EM 19 E DEZEMBRO DE 2008.

Um comentário:

Raquel disse...

a população idosa está aumentando; deveria estar aumentando também a preocupação com ela! certo? mas infelizmente nosso país sai do convencional, do que era esperado, rs.. eu poderia complementar este artigo com "a saúde dos velhos", que não estamos prontos pra cuidar! essa população merece todo nosso cuidado e atenção. Se hoje colhemos frutos, é pq eles nos prepararam a terra! Que terra estamos preparando, e que fruto iremos colher na nossa velhice?

um beijão Karla, parabéns!