segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A ARTE REGIONALISTA POR ALMEIDA JUNIOR

Desde o início do mês de setembro semanalmente coleciono as vinte obras da Coleção Folha “Grandes Museus do Mundo”, entre os quais estão retratadas as mais discutidas obras de artes mundiais, sejam elas pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, gravuras, objetos e outras de tempos milenares a contemporâneos. O fato é que dentre todos os museus retratados, como o Museu do Louvre, Museu do Prado, National Gallery, Museu Hermitage e outros, me atrevo a dizer que dentre as obras que mais me chamaram à atenção foram as pinturas de José Ferraz de Almeida Junior contidas na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A Pinacoteca do Estado de S. Paulo completa no próximo dia 25 de dezembro seus 104 anos de inauguração, e seu acervo inicial eram de vinte de seis obras de artistas do século XIX da Missão Francesa até o início do século XX com o Modernismo. Atualmente, a Pinacoteca possui 7.732 obras de artistas brasileiros e estrangeiros que retrataram a temática brasileira, como as obras de Almeida Junior que fazem parte do acervo da Pinacoteca desde 1905.
O retratista Almeida Junior, nascido no berço republicano de Itu em 1850, estudou na Academia Imperial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, tendo aulas de desenho e pintura com expoentes artísticos como Le Chevre e Victor Meirelles. Mas, sua grande oportunidade acadêmica surgiu com a bolsa de estudos concedida pelo próprio Imperador Pedro II a ingressar-se na Escola Superior de Belas-Artes de Paris, tendo contato com o famoso Gustave Coubert.
No entanto, a maturidade artística de Almeida Junior surgiu com a intensificação de seu estilo pessoal, o qual misturava sua formação acadêmica com a nova temática regionalista, até então lançada por ele. Por retratar o cotidiano caipira, as cenas mais humildes do interior paulista, os aspectos da vida tal como é e algumas pinturas do cotidiano burguês contrastante, Almeida Junior foi considerado como o precursor da pintura nacional, pois retratava os aspectos paulistas num momento de necessidade da legitimação do sentimento nacionalista. Além disso, retratava aspectos reais do universo feminino, como a belíssima e tocante obra Saudade, na qual demonstra a dor de uma viúva ao perder o marido – sendo também um quadro misterioso por ter retratado seu próprio chapéu ao lado da viúva e morrer assassinado no mesmo ano da obra, 1899.
As obras de Almeida Junior estão disponíveis na internet também pelo site www.pinacoteca.org.br, e os leitores destas poucas linhas que se dispuserem a observar as obras deste retratista reparem na luminosidade impressionista que as rodeiam, é de se emocionar com “a luz do meio-dia do interior paulista”. Nós, barretenses, com certeza nos identificaremos com as cenas de Almeida Junior, que há mais de um século impressiona-nos com a ousadia de destacar as cores do regionalismo brasileiro.
 
REFERÊNCIA: Coleção Folha Grandes Museus – vol. 11, autoria de Carolina Duprat.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 18 DE DEZEMBRO DE 2009.


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