segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

CIA DE REIS: TRADIÇÃO EM BARRETOS

No último sábado, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes” inaugurou a Exposição sobre as Companhias de Reis de Barretos, em homenagem in memorian ao conhecido “Piquira”, José Carlos Borges – personagem pertencente à tradição da Cia de Reis por mais de quarenta anos, componente da Cia de Reis da Fazenda Armour “Irmãos Borges”.
Pode-se dizer que o principal momento da Exposição foi a leitura da “carta” de Piquira aos convidados, fato que emocionou a todos os presentes. A carta, datada de 28 de janeiro de 1979, anunciava a doação da farda e espada de Piquira ao Museu “Ruy Menezes” e também informava o fim de sua carreira como “Alferes da Bandeira” (palhaço), que se iniciou em 1965 através de uma promessa que perduraria sete anos, mas naquele ano já perfaziam doze anos. Pensamos, pois, que Piquira não imaginaria que a honra de se vestir como “palhaço” de Santos Reis duraria por toda sua vida, já que só deixou de ser folião há pouco tempo quando faleceu neste ano de 2009.
Trinta anos depois da carta, o Museu “Ruy Menezes” recebeu a doação, concedida pela família Borges, de outra farda, espada e máscara de Piquira utilizadas por ele até 2009 na Cia de Reis “Irmãos Borges”. Agora, permanecem como acervo histórico do Museu as duas fardas de Piquira, com a diferença de 30 anos entre ambas, e a memória do folclore barretense está resguardada e pronta para ser difundida à população.
A Exposição é também composta por fotografias das tradicionais Cias de Reis da cidade, entre elas a Cia de Reis da Fazenda Brejinho, Cia de Reis Estrela Sagrada, Cia de Reis do Ibitu e Cia de Reis dos Imãos Borges. Tais Companhias realizaram belíssimas apresentações musicais com versos rimados e enriqueceram ainda mais as homenagens a Piquira. Outra revelação do momento foi a exposição fotográfica de Luciano Junqueira, que captou as mais coloridas perspectivas das “chegadas” de Reis e ressaltou a beleza existente na fé e tradição dos fiéis. Além disso, o artista plástico pintou um quadro “ao vivo” enquanto aconteciam as apresentações das Companhias.
Enfim, entre fitas, flores, cantos, rimas, fé e muita alegria a Exposição sobre as Companhias de Reis em homenagem a inesquecível figura de Piquira certamente marcou a importância da preservação do patrimônio histórico imaterial da cultura barretense. Somente se dá o devido valor à cultura e à história local quando se abrem as oportunidades para elas mesmas se expressarem e, assim, ouvirem o caloroso aplauso do público!

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 11 DE DEZEMBRO DE 2009.





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