terça-feira, 28 de setembro de 2010

O VOTO COMO UM DIREITO E DEVER



“Pior que tá, fica sim!”
(Novo ditado popular)

            Dias atrás um aluno do 6º ano me perguntou: “Professora, porque a Grécia Antiga está tão presente em nossos dias?”.  Ele estava se referindo às palavras de origem grega, a arquitetura neoclássica que ainda está presente em alguns prédios antigos do centro de Barretos, a política “democrática” em que vivemos e que tanto esta sendo discutida neste período pré-eleitoral e tantas outras coisas que sutilmente nos lembram a Grécia Antiga.  É muito produtivo fazer um diálogo entre os tempos passados e o nosso presente, uma vez que isso nos oferece visões sob diferentes ângulos de um assunto atemporal.
            Nesse sentido, o principal assunto que é estudado na Grécia Antiga é o surgimento da democracia na pólis de Atenas. A democracia em Atenas surgiu de um modo interessante, onde as novas classes sociais emergentes protestavam as condições limites de sua participação política. Em conseqüência, após várias reformas políticas, foram criadas algumas associações onde os próprios cidadãos elaboravam e votavam em suas leis. No entanto, o conceito de “cidadão” excluía a maioria da população, ou seja, somente 10% dos homens gregos tinham direitos políticos. Mesmo nestas condições, a política grega era considerada uma “democracia direta”, pois seus cidadãos tinham o contato direto com suas leis e seus direitos.
            Com o passar dos tempos e o crescimento da população, a forma política da democracia se transformou em “representativa”, onde o povo tinha o direito de escolher seus representantes através do voto. É claro que esse direito de votar também foi modificado de acordo com as épocas históricas, isto é, o voto no século XIX não é o mesmo que no século XXI, posto que, no Brasil, a própria Constituição Republicana vem sendo alterada desde seu surgimento em 1891.
            O que os gregos da Idade Antiga poderiam pensar sobre a democracia representativa? Será que conseguiriam imaginar uma democracia onde os cidadãos não decidem diretamente sobre suas necessidades, leis, direitos e deveres?
            É certo que não podemos julgar uma época com os olhos de outra, afinal na Idade Antiga a mentalidade cultural e a sociedade eram outras, muito diferente da nossa realidade. Mas, mesmo com todas estas diferenças entre épocas, poderíamos aprender algo bem simples com os gregos para usarmos nestas eleições atuais: mesmo não decidindo diretamente em nossas leis, projetos, direitos e deveres, o poder e a representatividade de nossa decisão está na importância que atribuímos ao nosso direito de votar, pois, se ser cidadão é cumprir nossos direitos e deveres civis e políticos, que façamos isso da maneira mais séria e digna possível! Pensemos.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP) EM  17 DE   SETEMBRO DE 2010.

Nenhum comentário: