Nesta semana Barretos completou seus 156 anos de fundação e é neste momento que os barretenses tendem a olhar ao passado e perceber quantas conjunturas históricas passaram a cidade neste um século e meio de oficial fundação. 156 anos pode parecer pouco se pensarmos em contextos históricos a níveis mundiais, mas, se refletirmos quais os contextos históricos que a micro-história de Barretos viveu paralelamente a macro-história do Brasil, veremos que fizemos parte de uma longa história junto à história paulista. Disputas por terras, concessões políticas, competições partidárias, migrações, censuras jornalísticas, estratégias de urbanização, arquiteturas condicionadas pela posição social, lutas de trabalhadores grevistas, alianças com governos ditatoriais e ao mesmo tempo revolta contra a ditadura, participação em guerras mundiais, crescimento industrial, e em contrapartida a manutenção do setor agrário; enfim, tudo isso e muito mais a cidade passou nestes 156 anos. Para os barretenses terem noção de como nossa história é densa, podemos destrinchar parte dessa história, assim, como se fossem breves pinceladas de um quadro que ainda está sendo preparado...
A começar pela própria fundação que aconteceu no Período Imperial, onde Francisco José Barreto e sua família, sertanistas de Minas Gerais, aceitaram o desafio de abrir em picadas o norte do sertão paulista em busca de terras para viver. E assim foi o Período Imperial em Barretos, com a população caipira e religiosa da Vila do Espírito Santo dos Barreto vivendo em pequenas fazendas envoltas a Capela do Divino Espírito Santo e com alguns líderes políticos que logo migraram para cá dando vivas a “Sua Majestade”. Este quadro se transformou na transição do século XIX para o século XX, onde a República iniciou algumas mudanças na mentalidade dos habitantes da, agora, cidade de Barretos. Passamos a ter imprensa em 1900, Paço Municipal em 1907, Grêmio Literário em 1910, luz elétrica em 1911, Casa de Caridade (funcionando como hospital) em 1911, teatros em 1913, dentre outros.
Entre inúmeros episódios, tivemos na década de 20 a “revolução” do Capitão Filogônio e a visita do escritor tão famoso da época Coelho Neto. Na década de 30, tivemos mais de dez mandatos diferentes no cargo de prefeito, e os admiradores do Presidente Getúlio Vargas o homenageava com sua fotografia colocada ao meio das salas de convenções. A década de 40 florescia com o Cine-Barretos, mas preocupava-se com os barretenses combatentes da 2ª Guerra na Itália. Os anos dourados invadiram a cidade com o “foot” em frente à fonte luminosa da Praça Francisco Barreto. Na década de 60 tinha até prefeito utilizando a “vassourinha” do Jânio Quadros como propaganda política. Neste período até os anos 80, vivemos o período ditatorial, mas coisas boas também aconteceram por aqui, como a fundação de escolas e grupos teatrais.
Barretenses, mesmo com tão poucas linhas, perceberam quão forte são os nossos 156 anos? Quantos mistérios ainda precisamos desvendar? Então, convido a todos a continuar fazer parte desta história, uma história que começou com um Chico Barreto e que perpetua com os seus descendentes, nós, os barretenses. Parabéns Barretos!
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 27 DE AGOSTO DE 2010.
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