sexta-feira, 10 de setembro de 2010

OS DESFILES DE 07 DE SETEMBRO: PORQUE NÃO?



 “Lembrai que em cada um de vós vive e palpita um pedaço da pátria”
(Ginásio e Escola Normal “Maria Auxiliadora” em desfile cívico na década de 50)

            Mais um “7 de setembro” se passou em comemoração da “Independência” do Brasil proclamada pelo Imperador Dom Pedro I em 1822. Algumas cidades ainda mantêm a tradição do Desfile Cívico para exaltar a data nacional, entretanto, a composição dos desfiles atuais é muito distinta dos desfiles das épocas passadas. Assim sendo, a cidade de Barretos também passou por épocas onde uma das principais comemorações do ano eram os desfiles de “7 de setembro” ou o aniversário da cidade.
            As décadas de 30, 40, 50 e 60 constituíram um período de forte nacionalismo no Brasil, e a maneira mais “solene” de expressar tamanha “honra” pela pátria era compondo exuberantes desfiles cívicos, que demonstravam a fidelidade, a ordem, a temência, o respeito e, sobretudo, o “reconhecimento” dos grandes vultos políticos da pátria. Nesse sentido, figuras como Dom Pedro I, Getúlio Vargas, Duque de Caxias e José Bonifácio sempre apareciam nos desfiles como verdadeiros anfitriões da pátria amada brasileira.
            Em Barretos não foi diferente. As expressões nacionalistas manifestadas de vários jeitos exclamavam por si só o patriotismo na pacata cidade, que, organizava sérios desfiles para representar o civismo barretense. A principal fonte histórica para estudar esta época são as fotografias dos desfiles, que hoje fazem parte do acervo iconográfico do Museu “Ruy Menezes”, e a história oral dos barretenses que viveram este período. Nas fotografias vê-se que faziam parte dos desfiles as escolas e algumas associações da cidade, tais como o Tiro de Guerra, a antiga Acirb, as colônias japonesas e árabes, os grêmios estudantis e muitos outros.
            Os alunos apresentavam-se sempre em fila, uniformizados, cantando e tocando na fanfarra; e há quem diga que só tocava na fanfarra quem tinha notas altas na escola (acreditem se quiser, mas muitos alunos se empenhavam na escola para em troca tocar na fanfarra do desfile). O desfile muitas vezes terminava em frente ao Paço Municipal (atual Museu), na Praça Francisco Barreto, para os munícipes e os alunos ouvirem o pronunciamento de alguma autoridade. As fotografias revelam também homens soltando fogos, desfile de tratores, anúncios de filmes do Cine-Éden e homens fantasiados de Pedro I. As meninas do Ginásio “Maria Auxiliadora” demonstram organização e beleza com seus uniformes de saia plissada preta, gravata, blusa branca e boina no cabelo, cantando em coro às ordens do maestro no centro da Praça.
            Enfim, muitos episódios interessantíssimos aconteciam nos desfiles cívicos em Barretos, que mesmo sendo muitas vezes utilizados para fins exclusivamente políticos, fizeram parte da nossa história. E as perguntas que não querem calar são: E porque não continuar? Porque temos que acabar com os desfiles cívicos? Porque não produzir um desfile baseado na realidade hoje? Porque não revelar a nossa própria história através dos desfiles? Porque não?

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 10 DE SETEMBRO DE 2010.

Um comentário:

Dédeia Paleari disse...

Como é bom ler seus artigos!! Me faz matar um pouquinho da saudade da minha city preferida hehehehehe e logico aprender um pedacinho da história tão linda de Barretos! Obrigada por me proporcionar isso!
Abraços da Déia