quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

DO RENOME À CELEBRIDADE



ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 4 DE FEVEREIRO DE 2011.

“No futuro, todo mundo será mundialmente famoso por 15 minutos”
(Andy Warhol, 1968)

            Qual o limite para a vida privada no mundo de hoje? A que se submete uma pessoa para ficar famosa? Qual é o preço da fama? Essas são questões presentes em nosso cotidiano, principalmente, com o advento do Programa Big Brother Brasil exibido pela TV Globo neste mês. A fama direcionada aos participantes deste programa pode alcançar dimensões tão grandes a ponto de levá-los ao campo da política, como aconteceu com Jean Wyllys, empossado deputado federal no último dia 1º. Por outro lado, o tempo de duração da fama de uma celebridade pode ser tão curto, como profetizou o artista Andy Warhol, que em poucos minutos pode cair no esquecimento.
Então, como tudo isso começou? Quando nasceu o conceito de “celebridade”?
            O acadêmico inglês Fred Inglis, em sua obra A short history of celebrity, ao analisar o conceito de “celebridade” verifica que este surgiu em fins da Idade Moderna. Anterior a este período, pode-se dizer que existiam pessoas “renomadas”, ou seja, personalidades que ficavam conhecidas por suas atividades em áreas específicas, como Da Vinci e Michelângelo. Estas pessoas não ficaram famosas por conta de suas personalidades em si, mas, sim pelos seus trabalhos e o significado destes à sociedade.
            Além deste perfil de “renomados”, existiam outros que já nasceram com a fama, como eram os casos do rei e dos nobres. Estas pessoas, pela titulação que lhe eram cabíveis, já eram renomadas pelas tradições embutidas em seus nomes e pelos poderes que lhes eram atribuídos. No entanto, com o surgimento das idéias iluministas e da democracia urbana na Europa, subia ao poder a classe burguesa e, esta, por sua vez, não possuía títulos, o que a fez buscar a fama por suas conquistas. Foi quando surgiu a moda excêntrica do século XVIII, na França, para ostentar as riquezas dos burgueses.
            A partir disso, surgia o conceito de “celebridade” – pessoas que ficavam famosas também por suas vidas e não mais exclusivamente por suas ocupações. As primeiras celebridades a tomaram cor no mundo moderno surgiram na Inglaterra, dentre elas encontrava-se o precursor do Romantismo, Lord Byron, famoso pelos escândalos com amantes e filhos fora do casamento. Já no século XIX, outros fatores que fizeram fluir a “fama”, foram os enfoques em artistas de teatros e cinemas (com o close) e o nascimento da imprensa diária nos EUA. Com a falta de notícias para publicar, uma vez que elas demoravam a chegar por telégrafo, os jornais diários sempre exibiam textos sobre a vida privada das celebridades.
            Deste modo, o conceito de celebridade se transformou mais ainda ao longo do século XX e, hoje, no início do século XXI, pode-se dizer que praticamente se popularizou. A “profecia” de Andy parece ter se concretizado. Mas, será que vale a pena ser mundialmente famoso, mesmo que por 15 minutos? Pensemos.

REFERÊNCIA: Artigo de Fábio Marton. Revista Aventuras na História – dez/2010.

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