quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

AS PRAÇAS PÚBLICAS


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 21 DE JANEIRO DE 2011.

            Ao longo dos últimos anos muito se tem falado sobre preservação e valorização de patrimônio histórico. Historiadores mostram-se preocupados em garantir a conservação dos bens públicos que mostram por si só as características de um dado momento histórico. Sem nos atermos em cientificismo, e até mesmo em certo tom poético, definiríamos “patrimônio histórico” como um bem, material ou imaterial, que ilustra a memória coletiva e a cultura de um povo, isto é, aquilo que uma dada comunidade possuía em comum e que reflete nas características da atualidade. Dentre tantos exemplos, as praças públicas podem ser consideradas patrimônio histórico da cidade por emanar uma representação simbólica que figura a existência de um passado e de uma cultura coletiva. Mas, hoje, o que elas são de fato?
            Ao que tudo indica, o modelo urbano de praças públicas chegou ao Brasil durante o período colonial, pois, com a concessão das capitanias hereditárias, muitas cidades foram criadas pelos portugueses e redesenhadas por especialistas. A partir do século XVII, os projetos urbanos são calcados na instituição de edifícios e igrejas aos redores das praças públicas centrais, exaltando os valores sociais e políticos de cada época. No entanto, a partir da época moderna, gradativamente as pessoas perderam a convivência social em lugares públicos para se confinarem em espaços como shoppings, bares, restaurantes, lojas, dentre outros. Com essas transformações, a vida cotidiana se afastou das atividades públicas e as praças perderam sua representação diante às comunidades. O que restou são as insistências de historiadores e saudosistas em resgatar seus valores e transformá-las em patrimônios.
            Em Barretos as praças públicas foram espaços de suma importância num passado não muito distante. De acordo com a mentalidade de cada época, era na praça pública central o lugar onde se expressava o patriotismo, as manifestações artísticas, as atividades culturais e os propósitos políticos. Nos tempos remotos, as praças também eram denominadas como “largos” e registros demonstram que em Barretos existiam o “Largo da República” (atual Pça. Francisco Barreto), “Largo São Sebastião”, “Largo da Feira” e muitas outras que não caberiam nestas poucas linhas. Eram nestas praças que se realizam quermesses e desfiles cívicos, recebiam-se autoridades políticas, liam-se discursos e, é claro, praticava-se o inesquecível “foot”, a paquera das moças e rapazes. Além disso, o paisagismo da Praça Francisco Barreto era incrivelmente belo, fotos da década de 40 revelam uma arquitetura francesa e a arborização modelada em mosaicos.
            E hoje? Como estão nossas praças públicas? O que elas representam aos barretenses? Mero saudosismo? Porque não resgatá-las e transformá-las em espaço culturais? Porque não tirá-las das mãos do vandalismo e do alvo da destruição? Porque não mantê-las devidamente limpas e belas? São questões a se pensar e a agir, posto que, as nossas praças são um dos muitos patrimônios materiais que constituem a história em que nós possuímos em comum.

Um comentário:

TREE-TIJOLO-SP disse...

PARABENS PELA MATÉRIA; AQUI NA CIDADE DE SAO PAULO SUA IMPRESSAO SE APLICA INTEGRALMENTE; ESTOU CITANDO SUA POSTAGEM EM UM TRABALHO SOBRE ZELADORES DE PRAÇAS PÚBLICAS, QUE TEM UMA CONOTAÇÃO TÉCNICA, BEM COMO, SOCIO-AMBIENTAL.
ABRAÇOS.
SILAS.