ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 21 DE JANEIRO DE 2011.
Ao longo dos últimos anos muito se tem falado sobre preservação e valorização de patrimônio histórico. Historiadores mostram-se preocupados em garantir a conservação dos bens públicos que mostram por si só as características de um dado momento histórico. Sem nos atermos em cientificismo, e até mesmo em certo tom poético, definiríamos “patrimônio histórico” como um bem, material ou imaterial, que ilustra a memória coletiva e a cultura de um povo, isto é, aquilo que uma dada comunidade possuía em comum e que reflete nas características da atualidade. Dentre tantos exemplos, as praças públicas podem ser consideradas patrimônio histórico da cidade por emanar uma representação simbólica que figura a existência de um passado e de uma cultura coletiva. Mas, hoje, o que elas são de fato?
Ao que tudo indica, o modelo urbano de praças públicas chegou ao Brasil durante o período colonial, pois, com a concessão das capitanias hereditárias, muitas cidades foram criadas pelos portugueses e redesenhadas por especialistas. A partir do século XVII, os projetos urbanos são calcados na instituição de edifícios e igrejas aos redores das praças públicas centrais, exaltando os valores sociais e políticos de cada época. No entanto, a partir da época moderna, gradativamente as pessoas perderam a convivência social em lugares públicos para se confinarem em espaços como shoppings, bares, restaurantes, lojas, dentre outros. Com essas transformações, a vida cotidiana se afastou das atividades públicas e as praças perderam sua representação diante às comunidades. O que restou são as insistências de historiadores e saudosistas em resgatar seus valores e transformá-las em patrimônios.
Em Barretos as praças públicas foram espaços de suma importância num passado não muito distante. De acordo com a mentalidade de cada época, era na praça pública central o lugar onde se expressava o patriotismo, as manifestações artísticas, as atividades culturais e os propósitos políticos. Nos tempos remotos, as praças também eram denominadas como “largos” e registros demonstram que em Barretos existiam o “Largo da República” (atual Pça. Francisco Barreto), “Largo São Sebastião”, “Largo da Feira” e muitas outras que não caberiam nestas poucas linhas. Eram nestas praças que se realizam quermesses e desfiles cívicos, recebiam-se autoridades políticas, liam-se discursos e, é claro, praticava-se o inesquecível “foot”, a paquera das moças e rapazes. Além disso, o paisagismo da Praça Francisco Barreto era incrivelmente belo, fotos da década de 40 revelam uma arquitetura francesa e a arborização modelada em mosaicos.
E hoje? Como estão nossas praças públicas? O que elas representam aos barretenses? Mero saudosismo? Porque não resgatá-las e transformá-las em espaço culturais? Porque não tirá-las das mãos do vandalismo e do alvo da destruição? Porque não mantê-las devidamente limpas e belas? São questões a se pensar e a agir, posto que, as nossas praças são um dos muitos patrimônios materiais que constituem a história em que nós possuímos em comum.
Um comentário:
PARABENS PELA MATÉRIA; AQUI NA CIDADE DE SAO PAULO SUA IMPRESSAO SE APLICA INTEGRALMENTE; ESTOU CITANDO SUA POSTAGEM EM UM TRABALHO SOBRE ZELADORES DE PRAÇAS PÚBLICAS, QUE TEM UMA CONOTAÇÃO TÉCNICA, BEM COMO, SOCIO-AMBIENTAL.
ABRAÇOS.
SILAS.
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