terça-feira, 6 de agosto de 2019

SERTÃO LETRADO

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 30 DE JULHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS


            Dia 25 de julho foi comemorado o Dia Nacional do Escritor, data instituída por decreto governamental desde 1960, através da iniciativa da União Brasileira de Escritores posterior a realização do I Festival de Escritores Brasileiros.
O talento do escritor brasileiro é secular, atemporal e ultrapassa gerações. Numa extensão continental e acumulando mais de cinco séculos de origem, o Brasil abraça escritores em toda sua extensão, de norte a sul. Incluindo, portanto, autores regionais, cuja produção alcança todos os brasileiros, traduzindo a diversidade do nosso povo.
            Em Barretos, por exemplo, grandes escritores nasceram e viveram aqui, levando o nome do “chão preto” por todo o país. Jorge Andrade (1922-1984) é um dos barretenses mais conhecidos na dramaturgia e literatura nacional, pois suas peças teatrais e novelas foram transformadas em livros, além de ter sido autor de romances. A Biblioteca Municipal Affonso d’E. Taunay abriga obras dele e de diversos barretenses.
Em outra perspectiva, Barretos foi passagem de visitantes ilustres na literatura no início do século XX. Literatos como Coelho Neto e Martins Fontes visitaram a cidade em 1921 e 1922 respectivamente, assim como Tasso da Silveira em 1934 e Menotti del Picchia em 1943, importantes nomes do modernismo. Além deles, mulheres escritoras também se fizeram presentes, como a espanhola Bélen de Sárraga em 1911 e a gaúcha Andradina de Andrade e Oliveira em 1921. Tais escritores, em geral, eram recebidos por autoridades na estação ferroviária e conduzidos a locais de congraçamento cultural, como o Grêmio Literário e Recreativo, a U.E.C, teatros, etc.
Apesar de ser uma cidade marcada pelo isolamento sertanista, fim de linha da ferrovia e conhecida como perigosa, Barretos também era rota de cultura, letramento e sociabilidade. Um paradoxo que nos traduzia numa espécie de “sertão letrado”, ao menos para parte restrita da população. Exemplo que a literatura brasileira brota nos mais improváveis solos. Fonte fecunda!

FONTES:
Livro de Visitantes da Santa Casa de Misericórdia de Barretos;
Livro de Visitantes do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos.

Link da publicação no site do jorna "O Diário":


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