ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 28 DE JULHO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Fotografias são apaixonantes, é
claro. Eternizam momentos, cenários e rostos, como se fossem capazes de viajar
por uma máquina do tempo trazendo à tona pessoas e paisagens. Pelo olhar do
fotógrafo, repleto de intencionalidades, uma fotografia antiga é parceira fiel numa
pesquisa de História. Isso porque ela não só evidencia informações visíveis
sobre como era um local ou as características das pessoas, mas também torna-se
fonte para se entender a mentalidade de certa época a partir do objetivo de seu
autor, do local onde foi publicada, por quem foi comprada, onde foi exposta e
assim por diante.
Na História, uma fotografia não é
somente uma fotografia. É uma fonte. E fecunda. Naturaliza e desnaturaliza
ideias.
Isso é bem visível em meu livro
recém lançado, “De onde cantam as cigarras”, pois, durante as pesquisas,
encontrei fotografias de personalidades e paisagens de Barretos no início do
século XX em jornais e revistas de expressiva circulação nas capitais do Brasil
e do estado de São Paulo. Como exemplo, a fotografia da quermesse realizada em
1911 em benefício da criação da biblioteca do Grêmio Literário e Recreativo,
que acontecia no Jardim Público da cidade, publicada na revista carioca “O
Malho” do Rio de Janeiro. Na imagem, além de aparecer personagens conhecidos da
imprensa local (inclusive, Almeida Pinto) e professoras, a legenda enaltecia os
feitos culturais da tão distante Barretos. Algo semelhante do ocorrido em 1920
com a publicação de fotografias na revista paulista “A Cigarra”, as quais
estamparam a visita do escritor Coelho Netto ao Grêmio e às residências de seus
amigos em Barretos; cujo teor destacava a cidade como destino de interlocuções
literárias. As imagens e suas redações, enviadas pelos próprios barretenses aos
seus mediadores da grande imprensa, serviam como suporte de evidência de
modernidade à “cidade do boi”, que precisava mostrar beleza e erudição, em
contrapartida de sua fama de violenta, isolada e boca do sertão. [continua].
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