“Aos vinte e seis dias do mês de abril de mil novecentos e dez, nesta cidade de Barretos, na sala principal do Paço Municipal é composta a primeira reunião para a fundação de um Clube Literário e Recreativo que servisse de recreio e instrução aos habitantes desta cidade”. Pois bem, é assim que se inicia a ata de fundação do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos, que no próximo dia 26 comemora seu centenário. Registrada no livro comemorativo do Grêmio de 1945, a ata de fundação revela os principais levantamentos feitos na primeira reunião realizada onde hoje se concentra as tradicionais peças da história da cidade, no salão do Museu Ruy Menezes.
Á pedido do Cel. Almeida Pinto, a reunião foi presidida pelo Padre José Ceccere, o qual logo se apressou em denominar a Diretoria Provisória do Clube para iniciar os preparativos do estatuto. Os nomes para compor a Diretoria Provisória foram propostos pelo Cel. Silvestre de Lima. Em seguida, Almeida Pinto leu uma carta escrita pelo Juiz de Direito Dr. João Baptista Martins de Menezes, onde o mesmo sugeria como nome para o Clube: Grêmio Literário e Recreativo “Joaquim Nabuco”, em homenagem a um dos intelectuais mais conhecidos dos séculos XIX e XX. Este assunto, no entanto, passou a ser discutido depois, na segunda reunião, onde o sócio Fausto Lex sugeriu o nome Grêmio Literário e Recreativo de Barretos, sugestão unanimemente aprovada.
A criação de um clube literário e recreativo em Barretos, na época foi considerada um grande marco na história da cidade, já que quando a República brasileira completava sua “maioridade”, 21 anos, Barretos compunha um lugar de se discutir política e os assuntos polêmicos da época, como a educação. Tratava-se, pois, de uma iniciativa genuinamente republicana. Os membros assinantes da ata de fundação eram, em sua maioria, bacharéis, comerciantes e professores, além disso, muitos deles possuíam uma bagagem pela luta republicana desde que Barretos ainda vivia nos tempos do Império.
Isto posto, a fundação do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos, mesmo com seus objetivos claros e específicos, fez parte de todo um contexto republicano, onde a cidade passava a ser desenhada por instituições que visavam a superação de antigos ideais para novos valores à sociedade barretense. E, mesmo com divergência de credos ou idéias políticas, os membros fundadores se juntaram com o objetivo de promover reflexões à intelectualidade dos barretenses. Assim, coincidência ou não, o presidente da Diretoria Provisória era um padre, e o primeiro Presidente do Clube era um médico e espírita renomado, Dr. Raymundo Mariano Dias.
Cem anos depois, o Clube anteriormente formado no salão da antiga prefeitura, cresceu, continua em atividade e contribuindo na busca da história de Barretos. Congratulações.
REFERÊNCIA: Documentos do Museu “Ruy Menezes”.
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