quarta-feira, 29 de julho de 2015

O “FIM DO MUNDO” NO PASSADO E PRESENTE

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 23 DE DEZEMBRO DE 2012, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"

            “Profecias”, “fim do mundo”, “dilúvios”, “Maias”, “Nostradamus”, “sinais”... Essas são as expressões mais utilizadas nas conversas cotidianas nos últimos tempos. Isso porque  o emblemático dia “21 de dezembro de 2012” chamou a atenção por ter marcado o fim do calendário maia, e, teoricamente, o “fim do mundo”. Mas, a verdade é que se cá estamos (lendo este texto), é porque o mundo não acabou e provavelmente as profecias foram mal interpretadas.
            Tais profecias ou interpretações são, na maioria das vezes, relacionadas a especulações e concepções religiosas, místicas e astronômicas. Essa relação entre religiosidade e astronomia era algo característico das primeiras civilizações, principalmente àquelas do Crescente Fértil, tais como a Mesopotâmia e o Egito. Inclusive, desde os tempos dos babilônios (Mesopotâmia), dos hebreus (Palestina) e dos gregos, histórias sobre o fim do mundo por conta da “ira” dos deuses, sempre fizeram parte dos mitos e das lendas das civilizações da Antiguidade.
            Assim foi com uma das histórias mais conhecidas da bíblia em Gênesis: a arca de Nóe. Resumidamente, segundo esta passagem, depois de examinar sua criação e se “irritar” com os pecados da humanidade, Deus resolveu destruir os seres humanos e o mundo. Como Nóe era irrepreensível, Deus decidiu salvá-lo e lhe disse que dali sete dias faria chover durante quarenta dias e noites, causando um terrível dilúvio. Então, Nóe foi instruído a construir uma arca, na qual seriam abrigados ele e sua família, além de um casal de todas as espécies de animais; possibilitando um futuro repovoamento da Terra. E, depois do dilúvio e do início do repovamento do mundo, Deus prometeu a Noé que nunca mais voltaria a destruir a humanidade, inclusive simbolizou tal promessa com o aparecimento de um arco-íris.
            Embora esta história seja tão antiga e conhecida, lendas muito parecidas compuseram o imaginário dos babilônios e gregos; também viventes na Idade Antiga. A diferença é que nestas civilizações, a crença era politeísta. Na Babilônia, a divindade principal era o deus Marduk, também originário do barro e criador dos homens. Conta-se que, certa vez, os deuses aborreceram-se com os homens e inundaram a Terra para destruí-los. Mas, o deus da sabedoria teria salvado um casal humano (Samash e sua mulher); que, depois de construírem uma arca, repovoaram a Terra. Já na Grécia, os mitos relevam que o autor de outro dilúvio devastador foi Zeus (deus dos deuses). No entanto, o casal Deucalião e Pirra construíram uma arca que os salvou dos nove dias e noites da tempestade destruidora. 
            Portanto, desde a Antiguidade, lendas e mitos a respeito de dilúvios e fúrias da natureza, causados pelas divindades, povoam o imaginário e as atitudes da humanidade. Mesmo depois de dois milênios da Era Cristã, o homem ainda é preso a estas tradições e curioso o suficiente para buscar novas interpretações de histórias tão antigas, literalmente. Ao menos estas serviram para nos alertar (ou nos preocupar).

Nenhum comentário: