O dia 22 de abril de 1500 ficou marcado na História do Brasil como o momento da chegada dos portugueses em nossa terra, na qual eles denominaram Terra de Santa Cruz. Por muito tempo, a História do Brasil foi estudada somente a partir deste momento histórico, ou seja, como se antes dos portugueses alcançarem o litoral brasileiro não existisse a história dos habitantes nativos e toda uma complexa cultura a ser compreendida. Os próprios relatos dos europeus do século XVI e a atual arqueologia brasileira revelam o quão expressiva era a população nativa e como elas constituem importantes fontes de pesquisa para construir o passado do Brasil, uma história que ainda não se sabe o começo.
Se pudéssemos resumir em uma palavra a característica que reproduz os indígenas brasileiros antes do famoso ano de 1500, certamente usaríamos “diversidade”. Sim, a diversidade brasileira não é fator comum só no tempo presente, ela faz parte da realidade do Brasil desde seus tempos primitivos. Leitores, conseguem imaginar uma terra vasta, sem fronteiras, com habitantes que além de desfrutarem de hábitos incomuns, também faziam jus de mil e duzentas línguas diferentes?
Enquanto a Europa era marcada pelo início da Idade Moderna, o Brasil de quinhentos e dez anos atrás era desenhado por, aproximadamente, quarenta etnias diferentes, classificadas em quatro principais troncos lingüísticos: tronco tupi (Amazônia, faixa litorânea e região sul), tronco macro-jê (Região central), tronco aruaque (noroeste da Amazônia) e família caribe (extremo norte da Amazônia). Dentre estas etnias, pairavam-se os mais curiosos e divergentes costumes, pois, enquanto umas viviam em aldeias de agricultores, outras sobreviviam em migrações constantes (nomadismo) e outras ainda mantinham os costumes de antropofagia (rituais canibais) e de devorar insetos. Além disso, (e esta talvez seja a parte mais interessante do estudo dos nativos brasileiros), cada etnia criava um mito para explicar sua origem e suas práticas culturais, fator que resultou em uma rica contribuição histórica, pois, todos estes contos “fantásticos”, criaram cenários mágicos que revelam muitos detalhes da História Antiga do Brasil, se assim podemos chamá-la.
Logo, os estudos sobre a vida dos nativos brasileiros, bem como os contatos iniciais entre os mesmos e os portugueses estão em avanço em teses acadêmicas de hoje. E isto já nos faz repensar em um novo modo de se comemorar o dia 22 de abril, não como o “descobrimento” de uma terra já conhecida, mas como um novo momento da História do Brasil, onde se diversificou ainda mais a população brasileira.
Um comentário:
Poderia nos falar mais sobre o assunto na aula?!
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